PUBLICADO EM 18 de jul de 2024
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Mobilização nacional pela redução das taxas de juros

CTB na luta pela redução da taxa de juros

CTB na luta pela redução da taxa de juros

CTB na luta pela redução da taxa de jurosAproxima-se a data definida pelas centrais sindicais para a realização de uma manifestação nacional pela redução das taxas de juros: 30 de julho, dia em que ocorrerão atos públicos em todos os estados e cidades que contam com agências do Banco Central.

É uma questão essencial hoje para a classe trabalhadora, os setores produtivos e a ampla maioria da nação brasileira, em que pese o fato do nosso povo não ter plena consciência da abrangência e consequências da política monetária.

A mídia neoliberal, banqueiros e rentistas estão mais uma vez pressionando o governo para realizar cortes profundos nos investimentos sociais, restringindo as despesas com a seguridade social. A pretexto de controlar o déficit público, promovem uma gritaria histérica contra “a gastança” do Estado, temperada com uma frenética especulação contra o real no mercado de câmbio.

Narrativa falaciosa

Apontam o crescimento das despesas sociais do governo decorrentes da política de valorização do salário mínimo como causa do desequilíbrio, enquanto recorrem a uma cínica conspiração do silêncio sobre a verdadeira origem do déficit, que é financeira.

Construindo uma narrativa unilateral e falaciosa, os arautos do mercado financeiro dizem que para colocar as contas em dia será preciso reformar a Constituição para desvincular o salário mínimo da correção de benefícios sociais, mirando principalmente as aposentadorias e o BCP (Benefício de Prestação Continuada).
Por conveniência, o discurso hegemônico opta por ignorar o peso extraordinário do pagamento dos juros da dívida pública no orçamento público e, por consequência, na determinação do desequilíbrio entre receitas e despesas governamentais.

Números eloquentes

No entanto, a realidade é gritante. Segundo informações oficiais, no ano passado os recursos do governo federal canalizados para o pagamento dos juros superou as despesas somadas de três ministérios, precisamente aqueles dedicados à saúde, educação e desenvolvimento social.

Vamos aos números, que são muito eloquentes.

O Ministério da Saúde consumiu R$ 170,26 bilhões em 2023, enquanto os Ministérios da Educação e do Desenvolvimento Social, respectivamente, gastaram R$ 142,57 bilhões e R$ 265,291 bilhões.

No total, as despesas dos três ministérios foram de R$ 578,13 bilhões. Já o pagamento de juros da dívida pública do Governo Central somaram R$ 614,55 bilhões no mesmo ano, com avanço significativo em relação a 2022, quando os juros subtraíram R$ 503 bilhões do orçamento da União.

Transferência perversa

As verbas destinadas à saúde, educação e assistência social beneficiam centenas de milhões de brasileiros pobres ou remediados, ao passo que um seleto grupo de banqueiros e rentistas, nacionais e estrangeiros enche as burras com o pagamento dos juros.

Configura-se neste processo uma perversa transferência da renda nacional da base para o topo da pirâmide social, exacerbando a escandalosa concentração da riqueza que infelizmente se transformou numa marca vergonhosa da nossa pátria amada.

Na contramão da versão hegemônica (mas, enganosa), é preciso conscientizar o povo brasileiro que a riqueza indecorosa de poderosos e ociosos rentistas é construída não através de trabalho dos próprios, mas subtraindo recursos arrecadados e administrados pelo governo que deveriam ser destinados à saúde, à educação, à habitação, à ciência, à cultura, à infraestrutura, ao desenvolvimento e ao bem estar social.

É imperioso reverter a lógica injusta que ainda hoje orienta a redistribuição da renda produzida pela nossa classe trabalhadora.

Redução dos juros

O caminho nesta direção passa em primeiro lugar pela redução substancial das taxas de juros, a taxa básica (Selic) definida pelos burocratas do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) e os spreads absurdos cobrados pelos bancos. Nada justifica o fato de que o Brasil ocupe agora o segundo no ranking dos juros reais mais altos do mundo.

Os juros altos constituem um grande obstáculo ao desenvolvimento nacional, deprimem os investimentos públicos, impedem o crescimento sustentável da economia e sabotam a criação de empregos decentes no país.

As forças democráticas e progressistas têm o dever de redobrar o trabalho de conscientização do povo sobre o tema com o objetivo de viabilizar vigorosas manifestações em todo o país pela mudança da política econômica e redução dos juros.

Ampliar a luta

Orientada por esta convicção, a CTB está intensificando os esforços de mobilização para garantir o êxito da manifestação nacional convocada unitariamente pelas centrais para o próximo dia 30.

É igualmente fundamental ampliar a dimensão desta luta envolvendo outros atores e forças prejudicadas pela política monetária imposta pela atual direção do Banco Central e interessadas na redução das taxas de juros.

Embora a iniciativa seja das centrais sindicais, esta luta não diz respeito apenas aos sindicatos ou mesmo ao mundo do trabalho, envolve também parte expressiva do empresariado e outros setores da nossa sociedade.

Adilson Araújo é presidente da CTB, Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil

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