A inadmissível marca de 300 mil mortes pela Covid-19 em um ano no Brasil é a realidade que vivemos hoje. Com a sensação de que estamos em um barco totalmente à deriva, dia após dia o país bate recordes de internações e óbitos sem que haja, no mínimo, consenso entre as autoridades sobre coisas básicas que poderiam amenizar tal situação.
A “política de morte” do negacionismo mantida pelo Governo Federal, estimula as pessoas a levarem uma vida normal e que se arrisquem a pegar uma “gripezinha” letal em nome da economia. Governadores e Prefeitos se debatem entre medidas restritivas, pressões de grupos sociais e o absurdo da sobrecarga dos hospitais, falta de oxigênio e até de medicações básicas.
Soma-se a tanta incompetência na gestão da crise sanitária a dolorida miséria em que o país está afundado. O empobrecimento cada vez maior e a total ausência de atitudes decentes por parte do Governo no socorro financeiro às pessoas e empresas aumentam o desemprego, derrubam o consumo e completam o caldo amargo da tragédia que vive o Brasil.
Vacinação é a saída? Claro que sim! Somos o país no mundo que possui um sistema de imunização nacional que é referência para todos os demais, mas não temos vacinas. O Presidente do país achou que não havia necessidade disso. Aliás, resolveu investir milhões em medicamentos que comprovadamente em nada ajudam no combate ao vírus e, agora, vemos a vacinação se arrastar lentamente.
Apática diante disso tudo, sem ter opção entre se cuidar ou morrer de fome, a grande maioria da sociedade assiste a cada dia a situação piorar e reza por um milagre que, infelizmente, sabemos que não virá se nada fizermos para reverter este quadro triste e caótico.
Desde o início da pandemia temos visto quem, de fato, tem sido mais prejudicado com isso tudo e quem, sem maiores cerimônias, estão sendo obrigados a correrem maiores riscos se expondo diariamente a si mesmos e suas famílias ao contato social e ao vírus. Trabalhadores e trabalhadoras por todo o país mantiveram fábricas, comércio e serviços funcionando. Nada mais justo que tenhamos voz e vez ativa na busca de soluções coletivas para os problemas.
Através de nossos sindicatos temos agido, como sempre, na defesa da classe trabalhadora e assim devemos continuar. Vamos intensificar nossas ações nas fábricas, nos locais de trabalho. Em busca de consciência, vamos fortalecer a mensagem de que apenas mobilizados e juntos poderemos influir diretamente nas decisões para garantirmos nossa saúde e nosso trabalho.
Eliseu Silva Costa é Presidente da Federação dos Metalúrgicos do Estado de São Paulo