Desde que o governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Educação, anunciou o retorno das aulas presenciais nas redes pública e particular, os sindicatos que representam professores e profissionais da educação alertaram para os riscos da medida diante dos inúmeros sinais de agravamento da pandemia do novo coronavírus (Covid-19) no país e em muitas regiões do nosso estado.
Apesar de todos os alertas, os secretários de Educação dos governos tucanos de João Doria (Rossieli Soares) e Bruno Covas (Fernando Padula), mantiveram a programação de retorno das atividades presenciais nas escolas. Por não concordar com a retomada das aulas, além da Apeoesp, a Afuse, SinproSP, Simpeem, Sindsep e outras entidades que representam educadores no estado, na capital e em várias cidades paulistas – decretaram greve na educação.
Seguindo as recomendações sanitárias de órgãos internacionais como a OMS (Organização Mundial da Saúde), professores e educadores reivindicam o direito de continuar atendendo seus alunos de forma remota, como ocorreu no ano passado após o início da pandemia.
A tese defendida pelos educadores e sindicatos quanto aos riscos de aumento dos casos de Covid-19 com o retorno das aulas presenciais, ignorada pelos secretários de Educação dos governos Doria e Covas e de outros municípios, foi reconhecida nesta segunda-feira (1º) pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) que, em carta, defende mediadas mais duras em nível nacional, incluindo o fechamento de escolas como formas de conter os índices alarmantes de contágio que apontam para o colapso dos serviços de saúde tanto nos hospitais públicos como privados.
Nesta terça-feira (2), essa preocupação alertada no mês passado pelos professores e educadores, finalmente foi reconhecida pelo governo paulista. Em entrevista à rádio CBN, o secretário estadual de Saúde, Jean Gorinchteyn informou que a pasta pedirá ao Centro de Contingenciamento do Coronavírus a suspensão das aulas presenciais.
O que se espera agora é que essa definição seja rápida para que possamos evitar o aumento das contaminações entre professores, educadores, estudantes e familiares, bem como que o governo inclua toda comunidade escolar entre os grupos prioritários da vacinação contra a Covid-19.
Somente na rede pública estadual, segundo levantamento da Apeoesp, até a tarde de 1º de março, havia o registro de 1.611 casos de contaminações por Covid-19 de pessoas que trabalharam presencialmente em 763 escolas no estado de São Paulo. Portanto, sem a vacinação da comunidade escolar não há condições de manter atividades presenciais nas escolas.
Douglas Izzo
presidente da CUT São Paulo