Uma das características da conjuntura atual é a atordoante discussão entre os próprios agentes governamentais sobre as possibilidades de uma futura renda compensatória para a população e os obstáculos a ela representados pelo teto de gastos.
Há mesmo uma polarização fulanizada entre o ministro da Economia – um posto Ipiranga quase sem gasolina – e o ministro do Desenvolvimento Regional com a corda nordestina bastante esticada.
Nesta discussão incrementada pelo “mercado” e repercutida pela mídia grande (que a oposição acompanha virando a cabeça para um lado e para o outro como quem assiste a uma partida de tênis) desapareceu a exigência da continuidade do auxílio emergencial de 600 reais até dezembro, defendida pelas centrais sindicais.
Nenhum dos partidos políticos a assumiu decididamente e não se criou uma onda de opinião pública para forçar o Congresso Nacional a discutir e votar a MP 1.000 que cortou pela metade o auxílio.
Com a aproximação das eleições municipais e o interesse crescente despertado por elas (o povo brasileiro gosta de votar) a exigência do auxílio emergencial também se diluiu, já que as plataformas partidárias e a sofreguidão dos candidatos não reconhecem sua centralidade e a urgência em garanti-lo sem cortes. Este desleixo deve se alterar quando a campanha real exigir o corpo a corpo com os eleitores, mesmo com a pandemia.
Para o movimento sindical é preciso persistir com a exigência de garantir 600 reais até dezembro e derrotar a MP 1.000 levando aos deputados, aos senadores, às direções partidárias e congressuais esta pauta prioritária e urgente reforçando a obstrução parlamentar das bancadas oposicionistas.
Mas é preciso também acrescentar outras bandeiras de luta que se apresentam, como a ampliação das parcelas do seguro desemprego, a normalização das perícias médicas do INSS, a denúncia do fatiamento da Petrobrás (chancelado pelo STF sem que se criasse também um clamor nacional), a defesa do meio ambiente agredido pelo governo e pelos fazendeiros incendiários, o combate à carestia de vida, a luta contra o desemprego, a continuidade das campanhas salariais e uma participação inteligente e agregadora nas eleições municipais.
Haja tarefas, haja desafios, haja atitude!
João Guilherme Vargas Netto, consultor Sindical