Os trabalhadores em postos de combustíveis de todo o Brasil – Frentistas, por meio de seus Sindicatos e Federações, estão mobilizados contra a emenda à Medida Provisória 1.063/2021, apresentada pelo deputado Kim Kataguiri (DEM-SP). O objetivo da emenda é liberar o autosserviço (self-service) de combustíveis, o que ameaça diretamente os empregos de mais de 500 mil trabalhadores do setor.
O deputado argumenta que isso vai baixar o preço do diesel, do álcool e da gasolina, o que não é verdade. A soma dos salários de todos os frentistas não é nada frente ao faturamento de um posto e representa um percentual ínfimo do valor final pago pelo consumidor. No primeiro aumento da Petrobras, qualquer eventual ganho com a redução de salários já terá sido anulado.
A culpa do combustível caro não é dos frentistas, mas da cotação em dólar no mercado internacional, que fica especialmente pressionada em momentos como esse, em que o Real está desvalorizado.
Além disso, há o enorme risco que essas substâncias perigosas – inflamáveis e cancerígenas – podem provocar quando manuseadas por pessoas sem treinamento, o que pode acarretar acidentes graves, incêndios e contaminações. O self-service tende ainda a aumentar os atrasos, pois a maioria dos clientes não saberá manusear a bomba, bem como o número de assaltos, na medida em que os consumidores estarão à mercê de criminosos nos postos. Sem falar que pode levar à falência um grande número de pequenas empresas, que não terão capital suficiente para automatizar suas bombas de abastecimento.
Apelamos ao bom senso dos deputados para barrar essa emenda, pois aprová-la seria um verdadeiro tiro no pé da economia nacional. O autosserviço pode aumentar os riscos sem reduzir os custos, não vai favorecer os consumidores, expondo-os ao perigo, além de acabar com milhares de empregos em um momento já sensível da economia do País.
A proibição do self-service é uma luta que os sindicatos de frentistas travam desde a década de 1990, e que teve um ponto alto no ano 2000, quando o presidente FHC sancionou a lei federal nº 9.956, proibindo a prática em todo o território nacional. Não é hora de retrocessos, nem de brincar com o emprego, a renda e a saúde dos trabalhadores brasileiros. Nós frentistas estamos novamente na linha de frente dessa luta e, juntos, vamos superar mais esse desafio!
Eusébio Pinto Neto – Presidente da Federação Nacional dos Frentistas (Fenepospetro). Presidente do Sindicato dos Frentistas do Rio de Janeiro (Sinpospetro-RJ)