Segundo informações da Rais, na década de 80, 25% da mão de obra brasileira era feminina. Há dez anos, pulou para 40% e em 2016, 44%. Entretanto, esse crescimento da participação da mulher no mercado se deu de forma precária. Infelizmente a crise econômica e a posição não consolidada da mulher no mercado agravaram-se em 2017, acentuando as desigualdades de gênero, com um fechamento expressivo de vagas (20,8 mil) e 42,5 mil demissões a mais que contratações.
Ora, a diminuição das diferenças de gênero no mercado de trabalho poderia aumentar o PIB brasileiro em 3,3%, ou 382 bilhões de reais, e acrescentar 131 bilhões de reais às receitas tributárias. Para isso, seria necessário o Brasil reduzir em 25% a desigualdade na taxa de presença das mulheres no mundo do trabalho até 2025, compromisso já assumido pelos países que compõem o G20. (Os dados fazem parte do estudo Perspectivas Sociais e de Emprego no Mundo – Tendências para Mulheres 2017, da Organização Internacional do Trabalho)
Embora a maioria das mulheres deseje ter um emprego, a decisão e o acesso delas ao mercado são influenciados por muitos fatores, entre eles discriminação, educação, tarefas de cuidado não remuneradas, equilíbrio entre trabalho e família e estado civil.
Os mecanismos governamentais ainda não são capazes de melhorar a igualdade das condições de trabalho e muito menos transformar as instituições e empresas para prevenir e eliminar a discriminação e assédio no mundo corporativo.
Para fixar a mulher definitivamente na área do trabalho e abolir a desigualdade de gênero, políticas públicas direcionadas e competentes são essenciais para amparar a entrada e a permanência das mulheres no mercado, mas as empresas podem e devem ser agentes da mudança cultural que tanto se faz necessária.
Helena Ribeiro da Silva é Presidenta do Seaac de Americana e Região