Na reta final da campanha, as pesquisas consolidam pelo menos três dados importantes: Lula lidera a preferência do eleitorado e está em crescimento; Bolsonaro é resiliente e mantém a segunda colocação, embora já tenha batido no teto; e a terceira via se mostra inviável.
É neste quadro de polarização que os partidos e os candidatos estão chamados a se posicionar. Pelo andar da carruagem, pode-se afirmar que nas eleições deste ano houve uma antecipação do segundo turno para a eleição presidencial.
Certo que a democracia admite o direito legítimo de manter candidaturas até o fim, mesmo que não tenham alcançado densidade eleitoral suficiente para a disputa. No jargão político, é o candidato que marca posição, sem pretensão de alcançar a vitória.
Os advogados da manutenção das candidaturas presidenciais a qualquer custo falam que a eleição em dois turnos é assim mesmo: no primeiro turno você escolhe o melhor e no segundo o “menos pior”. Essa tese teria legitimidade se o país vivesse um ambiente democrático.
Não é o caso. Os arroubos autoritários e golpistas do bolsonarismo e suas falanges de extrema-direita colocam em sério risco a manutenção das regras democráticas das eleições e o respeito aos seus resultados. Quem tem olhos para ver sabe disso.
Além do desastre do governo no terreno econômico e social, a principal marca do flagelo bolsonarista é o desdém com a Constituição, as instituições e as regras elementares do jogo democrático. Ele chegou a afirmar que só sai da presidência morto ou preso.
Nessas situações excepcionais, onde a defesa da democracia se sobrepõe às diferenças programáticas, é justo e necessário o movimento em curso pelo chamado voto útil. Liquidar a fatura no primeiro turno é o movimento necessário para recolocar o Brasil nos trilhos.
O país precisa dar um basta à violência, ao clima de ódio, à desesperança e à desconstrução em todas as áreas. Mais do que nunca, é essencial a unidade de amplas forças políticas e sociais para tirar o Brasil do atoleiro que está metido.
Tarefa desta envergadura é demasiado grande para ser feita só por um candidato ou um partido. É indispensável a união da imensa maioria da nação para restabelecer a democracia, criar regras civilizadas de convivência e enfrentar os gigantescos gargalos econômicos e sociais.
A candidatura presidencial da chapa Lula/Alckmin conta com nove partidos políticos. Durante a campanha, novos apoios surgiram: lideranças do mundo cultural, religiosos, da universidade e empresariais vieram se somar aos movimentos sociais que desde o início estão com Lula.
A poucos dias das eleições, este é o centro do debate. A vitória da chapa Lula/Alckmin é o primeiro e indispensável passo para abrir um novo ciclo político no país. Nessa caminhada, todos os que colocam os interesses da nação acima dos particularismos não podem se omitir.
Nivaldo Santana é Secretário Sindical do PCdoB, secretário de Relações Internacionais da CTB, deputado estadual por três mandatos (1995/2007)