Vistos a partir do Congresso Nacional são tantos os temas graves, que um dirigente sindical experimentado tem justificadas dúvidas a respeito de como enfrentá-los todos e com eficácia na abertura dos trabalhos legislativos.
Há a segunda votação na Câmara da deforma previdenciária, as duas votações no Senado, a MP 881 que é um caldeirão da bruxa, a discussão sobre a política de valorização do salário mínimo (que dorme em berço esplêndido) e vários outros temas que interessam a diversas categorias e cujas proposições são, em geral, lesivas aos trabalhadores e à sua representação.
Mesmo o cronograma determinado pelas centrais sindicais para as atividades de agosto pode não contemplar todos os encaminhamentos porque há sempre lugar para o inesperado e o terreno de Brasília é muito acidentado, passe a metáfora.
Mas como estão as coisas vistas da planície, ou seja, vistas ao se privilegiar o dia-a-dia dos trabalhadores e a iniciativa dos sindicatos?
Predomina o travamento da economia com a criação pífia de empregos ou mesmo sua destruição (como na indústria) e a perda de salários. O endividamento das famílias dos trabalhadores é sobrecarregado pela escassez do crédito e avidez dos juros e nem mesmo o refrigério das contas do FGTS pode resolver este problema.
Há um clima de desalento e de desconfiança típico da conjuntura travada e sem perspectiva de retomada.
As dificuldades para a ação sindical são inúmeras, começam com a escassez de recursos e se prolongam pela compreensível desconfiança das bases em relação às direções; o descrédito generalizado da política não deixa de contaminar as relações dos sindicatos com as bases dos trabalhadores.
Ao cumprir o cronograma determinado as centrais sindicais e todas as direções devem se manter unidas e enfrentar o duplo desafio: agir com inteligência no Congresso Nacional e agir com perseverança no dia-a-dia dos trabalhadores preparando desde já as campanhas salariais que se aproximam.
É imprescindível a permanente presença sindical nos locais de trabalho junto com os trabalhadores mesmo quando o dirigente sindical tem que ir para Brasília.
João Guilherme Vargas Netto é consultor sindical