Sindicalmente falando alguém pode ter ilusões com o governo Bolsonaro? Um governo que em seu primeiro dia extinguiu o ministério do Trabalho e transferiu suas principais atribuições ao patronato sob a batuta do famigerado Rogério Marinho.
Um governo que cavalgou para sua eleição o desarranjo provocado pela recessão e por Temer, pela terceirização anarquizada e pela deforma trabalhista e anda escondendo sua incapacidade em criar empregos e garantir salários.
Um governo que patrocinou a PEC contra a aposentadoria, lesiva aos trabalhadores mais pobres, às mulheres e aos idosos.
Um governo que alimenta os baixos instintos animais do empresariado lumpen, despreza os sindicatos e os sindicalistas (até hoje não respondeu à carta das centrais), confunde direitos com submissão e defende o trabalho escravo como se estivéssemos no século XIX.
Um governo que edita medidas provisórias em cascata contra os direitos dos trabalhadores e contra os direitos sindicais e só não fez mais maldades porque governou apenas 200 dias.
Em suma, um governo que é o pior de todos os tempos sindicalmente falando e sobre o qual não se pode ter ilusões.
Pois bem, é triste de se dizer, mas há dirigentes sindicais, ativistas sindicais e trabalhadores de base que acalentam tais ilusões. Elas vão se desfazendo a cada dia, mas também a cada dia a esperteza e a velhacaria vão criando novas.
Como classificar o comparecimento de alguns dirigentes (felizmente não muitos) a uma pajelança governamental montada para comunicar a abolição de normas regulamentadoras do trabalho e a modificação para pior de todas elas?
Sobraram ilusões devidas a uma participação perfunctória de alguns trabalhadores – controlados por quem? – e à aquiescência soberba e hipócrita do carrasco Rogério Marinho ao conversar com alguns dirigentes para lhes amedrontar sem atender, no mínimo que seja, as demandas que fizeram.
Os dirigentes sindicais que foram ao convescote mesmo sem ser convidados formalmente a tempo e a hora, é triste dizê-lo, bateram palma para doido dançar. E o que é pior, entraram na dança que lhes embaraçou as pernas e deixou suas bundas descobertas.
João Guilherme Vargas Netto é consultor sindical