PUBLICADO EM 27 de ago de 2024
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Crise no comercio varejista e a luta contra demissões

Estivemos semana passada (22 24/8) em Foz do Iguaçu/PR participando de Encontro Nacional dos trabalhadores comerciários e comerciárias promovido pela União Geral dos Trabalhadores (UGT) e a convite do seu presidente o companheiro Ricardo Patah. Ocasião durante a qual foram discutidos temas importantes referentes ao “e-comerce” e os desafios para o emprego formal, as novas tecnologias, bem como outras relacionadas aos “Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS)” e ainda sobre “mídias digitais e sociais e o mercado de trabalho”.

Enquanto discutíamos os problemas dos trabalhadores do setor e as mudanças nele inseridas a grande mídia noticiava a eliminação por parte das grandes redes varejistas (Casas Bahia, Carrefour, Lojas Marisa, Americanas…) de 35 mil postos de trabalho e o fechamento de diversas lojas físicas. O que significa o fim dos postos de trabalho nessas unidades. Ou seja, desemprego estrutural que se dá, por exemplo, quando o posto de trabalho é extinto e/ou substituído por novas tecnologias poupadoras de mão de obra.

Essas demissões de modo algum podem ser ignoradas pelo sindicalismo e, menos ainda, pela sociedade e governo, pois, segundo informações, as causas são diversas impulsionadas por crises financeiras, fraudes contábeis, etc.

Mas serão apenas estas as razões da crise que as gigantes do ramo varejista estão a enfrentar? Não estaria havendo de parte dessas empresas ineficiência no seu gerenciamento, particularmente no âmbito da concorrência em relação as suas congêneres americanas e chinesas que estão chegando ao Brasil dispostas a disputar a liderança e controle do mercado varejista? Se sim, por que são os trabalhadores a arcar com os custos resultantes dessa ineficiência?

Por outro lado, existe a questão dos altos juros hoje em 10,50% ao mês que inibe sobremaneira o consumo, particularmente a compra de bens duráveis e semiduráveis que dependem de financiamento.

Cumpre salientar, porém, que pode se tratar de um problema setorial, pois no mais a economia brasileira está em franco crescimento, o desemprego em queda (6,9%, segundo o IBGE) e a renda média resultante do trabalho em elevação.

Por isso, a necessidade de discussão para que se chegue a uma identificação do problema, bem como a devida solução. Pois o que não pode acontecer é um número tão expressivo de demissões, como ocorre neste comento no comercio varejista, sem uma discussão mínima a esse respeito.

Afinal, o mundo vive sérias e profundas transformações, mas a classe trabalhadora, que não é responsável pelas mazelas geradas pelo atual sistema econômico, necessita de trabalho decente e renda digna para continuar existindo, cuidando de si e da sua família.

Sendo assim, faz-se necessária a elaboração pelo sindicalismo de novas estratégia de luta. O que, a nosso ver, passa pela reorganização da classe trabalhadora, de mobilização da sociedade e do próprio governo na busca de solução voltada à criação de empregos decentes que ofereçam perspectiva de futuro à classe que vive do trabalho e não o oposto.

Nesse sentido, o mencionado encontro realizado pelos comerciários em Foz do Iguaçu serviu para apontar caminhos a este e outros problemas relacionados aos trabalhadores.

Paulo Henrique Viana
Secretário-geral do Stilasp e presidente da Fitiasp

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