Desde o dia 28 de março, Milton Ribeiro não é mais o ministro da Educação (e já vai tarde), envolto em denúncias de desvio de verbas para pastores evangélicos “amigos” do presidente. Com denúncia no jornal O Estado de S. Paulo e vazamento de áudios no jornal Folha de S.Paulo, a situação do ex-ministro ficou insustentável.
Principalmente porque no desgoverno Bolsonaro, a educação tem sofrido cortes constantes de verbas e as escolas públicas do ensino básico se veem em situação de muita precariedade. Somente sobre a denúncia de corrupção envolvendo pastores e a formação de um gabinete paralelo no MEC, trata-se de R$ 9,7 milhões.
Além disso, o Estadão denuncia também a autorização dada por Bolsonaro para a construção de 2 mil novas escolas sem disponibilizar recurso para finalizar as obras paralisadas em outras 3,5 mil. O caso está sendo chamado de Escolas Fake News (a que ponto chegaram as mentiras do atual presidente) e conta com o envolvimento do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, líder do chamado Centrão.
E falta dinheiro para a estruturação das escolas, para os salários dos profissionais da educação, para as universidades, para a pesquisa e a ciência. Não há dinheiro para a compra de absorventes para meninas e mulheres carentes (felizmente o Congresso derrubou esse veto desumano à compra dos absorventes), mas sobra dinheiro para os amigos e para as Forças Armadas comprarem viagra e remédio contra a calvície, tão fundamentais para a defesa da nação. É de pasmar.
Estranhamente, a mídia patronal e conservadora parece ter esquecido a corrupção no Ministério da Educação (MEC). Mas nós não esquecemos e jamais esqueceremos. Porque esse desgoverno somente reajustou o Piso Nacional Salarial dos Professores sob intensa pressão dos sindicatos representantes da categoria no país inteiro.
Todo apoio, portanto, à instauração da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), proposta pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP). Os senadores não podem ceder aos apelos insistentes do governo contra a CPI.
Quem não deve não teme e as denúncias de corrupção no MEC são gravíssimas. A sociedade brasileira precisa de esclarecimentos e, comprovado o ilícito, os responsáveis devem ser punidos como determina a lei.
Precisamos salvar a educação brasileira das garras do fundamentalismo religioso e da rapina de empresários, que nada têm a ver com o interesse público. CPI do MEC Já!
Professora Francisca é secretária de Assuntos Educacionais e Culturais da Apeoesp – Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo, secretária de Saúde da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Educação (CNTE) e secretária-adjunta de Finanças da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB).