Por Professora Francisca
O jornal Folha de S.Paulo revela o que todas as pessoas ligadas à educação pública no estado de São Paulo, já desconfiavam. O governador do estado, Tarcísio de Freitas vai usar o ChatGPT, empresa de Elon Musk (que vive atacando a soberania nacional), para a criação de material didático em substituição aos profissionais humanos.
Na contramão de uma visão humana da educação, a Secretaria Estadual da Educação (Seduc) afirma que o ChatGPT fica responsável por criar “a primeira versão da aula com base nos temas pré-definidos e referências concedidas pela secretaria”, enquanto os professores ficam responsáveis por “avaliar a aula gerada e realizar os ajustes necessários para que ela se adeque aos padrões pedagógicos”.
Quando na realidade, tanto Tarcísio quanto o secretário Renato Feder insistem na substituição de humanos por máquinas, ainda mais num setor tão vital para o desenvolvimento da inteligência, da ciência, da cultura e do país como é a educação, principalmente a educação pública, que atende a maioria da população, justamente as crianças e jovens que têm menos chances na vida.
A Seduc afirma ainda que após a revisão de profissionais humanos, todo o material será entregue a uma equipe interna da secretaria para uma suposta adequação linguística do conteúdo produzido. O governo paulista não aprendeu ainda a lição de todo o material digital produzido com erros gravíssimos em todas as disciplinas.
Feder não respondeu nem se será usada a versão gratuita do ChatGPT ou versão paga, com dinheiro público envolvido. Depois de anunciar o leilão para a entrega de 33 escolas, inicialmente, para a gestão da iniciativa privada com dinheiro público, o governador quer agora criar mecanismos de controle autoritário, tirando de vez o caráter humano e democrático da educação paulista. A que preço?
Porque o governo não usa todo o dinheiro empenhado nesses projetos tão prejudicais à educação e não utiliza essa verba em investimentos na melhoria da educação pública para criar boas condições no processo de ensinar e aprender? Com investimentos na melhoria de infraestrutura das escolas, nas condições de trabalho e na melhoria salarial de quem realmente trabalha na educação.
Engraçado que Tarcísio defende com tanto ardor a tecnologia (mal usada) na educação, mas é contra o uso de câmeras (que salvam vidas) nos uniformes dos policiais. É esse modelo de gestão autoritária e voltada para os interesses empresariais que questionamos. Lutamos por educação pública, gratuita, de qualidade, inclusiva e que abranja toda a diversidade humana. Uma educação voltada para a inteligência e em defesa da vida.
O que o governo paulista precisa fazer é contratar todas as professoras e todos os professores aprovados no último concurso realizado até preencher as mais de 100 mil vagas existentes na educação pública do ensino oficial do estado imediatamente.
Francisca Rocha é secretária de Assuntos Educacionais e Culturais do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), secretária de Saúde da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Educação (CNTE) e dirigente da Central dos Trabalhadores e das Trabalhadoras do Brasil, seção São Paulo (CTB-SP).