PUBLICADO EM 05 de mar de 2020
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Comemoração e luta constante

Dia 8 de março. Cada vez mais a sociedade entende que não é dia de ofertar às mulheres flores, bombons e belas mensagens. Tais agrados são bem-vindos em outras comemorações pessoais.

Dia 8 de março. Cada vez mais a sociedade entende que não é dia de ofertar às mulheres flores, bombons e belas mensagens. Tais agrados são bem-vindos em outras comemorações pessoais.

Não podemos é perder de vista o significado sociopolítico do dia, evitando que esse tributo à mulher se reduza a um momento de afago. O dia, afinal, simboliza lutas por pertencimento, pelo respeito à dignidade da mulher, pelo seu empoderamento nos espaços do mundo social, econômico e político e, por incrível que possa parecer, no doméstico.

A busca pela igualdade de gênero constitui uma das principais pautas do mundo contemporâneo, permeando inúmeras outras. O dia deve ser marcado com a promoção de ações de valorização e de afirmação das reivindicações femininas. São inúmeras personalidades famosas, institutos, programas e organizações que visam a valorização do sexo feminino nos mais diversos aspectos, priorizando e almejando uma sociedade igualitária, sem preconceitos ou misoginia.

A presença da mulher no mercado de trabalho já atinge expressivos 7 milhões e elas representam o maior contingente de força de trabalho no segmento do comércio, ou seja, é a principal ocupação das mulheres brasileiras. Ribeirão Preto reflete o que ocorre no País, com uma taxa de participação feminina em torno de 60%.

A realidade do mercado mostra que as relações de trabalho, quando existem, estão cada vez mais precárias e os direitos das trabalhadoras, mais escassos. A mulher trabalha mais, estuda mais e ganha menos do que o homem, combinando trabalhos remunerados, afazeres domésticos e cuidados de pessoas. Ganham, em média, 76,5% do rendimento dos homens, segundo o estudo de Estatísticas de Gênero (jun/2018), divulgado pelo IBGE. São 54,4 horas semanais, contra 51,4 dos homens.

Além dessas desigualdades, estamos ainda expostas a violências inerentes ao mercado de trabalho, como os assédios moral e sexual. A grande maioria se cala, por medo de perder o emprego e pelo processo de culpabilização social, reflexo de uma sociedade patriarcal e machista. Essa violência traz consequências gravíssimas, como implicações psicológicas que podem levar à depressão e até ao suicídio.

O fim dessa conduta passa pela visibilidade do problema, pela promoção de políticas públicas para coibir e também pela punição efetiva do assediador.

Há muito por fazer e nossa luta é contínua. Que, juntas, sigamos construindo a vida que queremos e merecemos viver. Um combativo 8 de março a todas as trabalhadoras brasileiras!

Regina Pessoti Zagretti é secretária Nacional da Mulher da UGT e presidente do Sincomerciários de Ribeirão Preto

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