PUBLICADO EM 03 de set de 2018
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Centro de Memória Sindical: patrimônio histórico dos trabalhadores

Quero ressaltar com isso que, na contramão do descaso do poder público, o movimento sindical (que os mesmos políticos responsáveis pelo desmonte do nosso patrimônio histórico e da nossa educação querem destruir), valoriza a memória dos trabalhadores investindo na manutenção do acervo e na produção de peças, como a revista, que registram e divulgam esta história.

É sintomático o fato de que três dias antes do incêndio que destruiu o Museu Nacional, no Rio de Janeiro, a instituição cientifica mais antiga do país, com uma perda inestimável para a identidade, dignidade e integridade do povo brasileiro, importantes líderes do movimento sindical tenham se reunido para celebrar lançamento de uma revista que resgata lutas dos trabalhadores ocorridas há 50 anos.

Esta revista, 1968 e os trabalhadores, é resultado do trabalho do Centro de Memória Sindical, instituição que existe graças à preocupação dos sindicatos em mantê-la viva e ativa. O Centro, que foi criado em 1980, quase se perdeu em uma situação de descaso e abandono na década de 1990, sendo mantido com recursos no limite da subsistência. Desde 2010, entretanto, sindicatos vem investindo em sua revitalização.

Hoje, embora tenhamos uma equipe enxuta, o arquivo do Centro de Memória Sindical encontra-se organizado, seguro, eficiente e funcional.  Quero ressaltar com isso que, na contramão do descaso do poder público, o movimento sindical (que os mesmos políticos responsáveis pelo desmonte do nosso patrimônio histórico e da nossa educação querem destruir), valoriza a memória dos trabalhadores investindo na manutenção do acervo e na produção de peças, como a revista, que registram e divulgam esta história.

Podemos ser maiores? Sim podemos. Mas, não fosse a consciência dos sindicalistas que sustentam o Centro, todo o acervo já estaria comido pelas traças ou  correndo riscos maiores, e expondo seu entorno, como o incêndio que tragicamente destruiu o Museu Nacional dia 2 de setembro de 2018.

A despeito da crise que assola o movimento sindical e a despeito do descaso do poder publico com a história, os trabalhadores, organizados em sindicatos, tem ano a ano, afirmado e celebrado sua memória, destinando à esta memória parte de suas receitas.

Pelo terceiro ano consecutivo lançamos uma publicação histórica com uma grande tiragem distribuída para diversos sindicatos. Em 2016 relançamos o livro sobre os 130 anos do Dia do Trabalhador, de José Luiz Del Roio, em 2017, uma revista sobre os 100 anos da greve de 1917, que foi a primeira greve geral brasileira e, na última quinta-feira, dia 30, lançamos a revista sobre os 50 anos dos eventos de 1968, contemplando a greve dos metalúrgicos de Contagem, a greve dos Metalúrgicos de Osasco, a passeata dos 100 mil, a batalha da Rua Maria Antônia, entre outros.

Estas publicações levam aos trabalhadores um debate sobre as lutas sociais que estão na raiz das conquistas de diversos direitos, sem os quais a disparidade entre patrões e empregados seria ainda mais injusta e desproporcional.

Assim como o movimento sindical tem feito, o orçamento nacional também deve contemplar a preservação do nosso patrimônio histórico, cultural e antropológico. Valorizar a memória, a história de um país é fundamental para fortalecer o povo e o futuro da nação.

Obs: Agradecemos  filiação, no mês de setembro, de mais três entidades sindicais ao Centro de  Memória Sindical: Sindicato dos Comerciários de São Carlos, Sindicato dos Hoteleiros de São Paulo e região e do Sindicato dos Comerciários de Santo André e Região.

Carolina Maria Ruy é jornalista e coordenadora do Centro de Memória Sindical

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