PUBLICADO EM 19 de abr de 2022
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Breve olhar sobre as eleições de 2022 na França e Brasil

Emmanuel Macron, presidente da França, foto Jeso Carneiro

Este ano, nas eleições presidenciais de primeiro turno na França, nenhum dos candidatos situados à esquerda e centro-esquerda foi para segunda etapa da disputa. Juntos, os seis candidatos do chamado campo progressista alcançaram 32,6% dos votos. Jean-Luc Mélenchon (França Insubmissa), o melhor colocado, obteve 21,96% dos votos ficando atrás de Marine Le Pen (extrema-direita e segunda colocada), com 23,16% dos votos. Diferença de 1,2% entre Mélenchon e Le Pen.

Os outros cinco candidatos (Yannick Jadot/Verdes; Fabien Roussel/Comunista; Anne Hidalgo/Socialista;  Philippe Poutou/Partido Anticapitalista; Nathalie Arthaud/Luta Operária) juntos obtiveram 10,10% dos votos. Caso tivessem adotado algum tipo de estratégia em apoio ao candidato da “França Insubmissa” e não marchado divididos, a esta hora Mélenchon poderia estar disputando o segundo turno contra Emmanuel Macron que obteve 27,86% dos votos e busca a reeleição.

Sendo assim, as eleições francesas em segundo turno estão para ser decididas entre dois candidatos da direita e extrema-direita, respectivamente. Isto em um momento que, governada pelo neoliberal e globalista Macron, a França passa por mudanças na sua estrutura social, com sérios prejuízos aos trabalhadores frente ao trabalho cada vez mais precarizado e  às incertezas em relação ao futuro.

Nesse sentido, quem melhor capitalizou o sentimento das massas foi Le Pen e não os partidos de esquerdas e centro-esquerda, isoladamente, particularmente comunistas e socialistas que apanharam feio nos seus tradicionais redutos eleitorais. Tudo isso deve servir como lição para que não venhamos a cometer esses mesmos erros, especialmente neste momento de disputa eleitoral entre Lula e Jair Bolsonaro.

Caso tivesse de fato visão e compromisso com o Brasil Ciro Gomes/PDT abriria mão de sua candidatura, que vem enfrentando grandes dificuldades para emplacar, e declararia de imediato apoio a Lula que, por meio desse gesto, poderá eleger-se presidente da República já no primeiro turno.

Não obstante isso, vê-se ainda por aí militantes sem noção sobre a atual conjuntura e dispostos a atrapalhar a unidade política que se constrói em torno da candidatura do  ex-presidente Lula rumo às eleições de outubro próximo. Eleições que a meu ver será uma das mais difíceis de todo o período republicano.

José Raimundo de Oliveira é historiador, educador e ativista social.

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