Acompanhei Manuela D’Ávila, minha candidata à Presidência da República, no programa Roda Viva, da TV Cultura. Fiquei feliz pelo convite, senti-me representante dos milhares e milhares de comunistas que estão muito orgulhosos em tê-la como nossa porta-voz.
Manu foi bem! Defendeu nossas ideias.
Sustentou a necessidade de retomar um projeto nacional de desenvolvimento que valorize o trabalho e garanta direitos para nosso povo. Falou sobre os tropeços da economia brasileira e apontou alternativas para a superação da crise. Defendeu a reforma do Estado para que haja mais eficiência no atendimento das necessidades da população. Indicou que fará uma reforma tributária para cobrar mais impostos dos ricos, tributando lucros e dividendos, grandes fortunas e grandes heranças, aliviando o peso dos impostos no consumo de itens básicos, o que onera os mais pobres. Quem assistiu ao programa observou que ela fez uma abordagem sobre nossos dilemas econômicos com um viés da classe operária.
Manuela falou de sonhos, de esperança. A partir de sua trajetória política e pessoal, mostrou como é possível ser coerente, combativa e humana. Sua fala evidencia que é possível fazer política de um jeito que as pessoas entendam. Ela traz para o debate presidencial temas que estão no dia a dia das pessoas. Creche, homofobia, salário, violência, machismo, preço do gás de cozinha, por exemplo, são assuntos das famílias e com profundos significados políticos. Manuela aborda esses temas com a sinceridade e precisão de quem está conectada com o mundo real. É uma política que vive o mundo. As pessoas, para Manu, vão além das estatísticas, das planilhas. Ela não vai para um debate treinando comentários e reproduzindo frases feitas.
A nota triste da noite foi uma bancada de entrevistadores com uma agressividade inédita. A maioria deles parecia destilar um ressentimento juvenil, de inspiração trotskista, com a crítica unilateral ao que o mundo viveu no século XX. Somou-se a isso o discurso de direita, desinteligente, reacionário. Fiquei pasmo quando vi que um entrevistador era membro da Sociedade Rural Brasileira. Alguém crê que um dirigente sindical ou um dirigente da UNE teria assento numa edição do Roda Viva? Na edição de ontem faltou pudor.
As interrupções seguidas que fizeram, enquanto Manu respondia às perguntas, expressam a intolerância dos nossos dias, o incômodo diante do brilho de uma mulher, jovem e comunista. Era como se fosse assim: “garota, se dê por satisfeita por estar aí, já foi longe demais…”.
Eu estava na bancada do Roda Viva. A cada pergunta, os entrevistadores diminuíam de tamanho; a cada resposta Manuela se agigantava.
Em tempos de Copa do Mundo, ontem, Manu parecia a Marta jogando, desfilando seu talento e capacidade, num campo de futebol cheio de buracos e com as adversárias apelando à violência durante todo tempo do jogo.
Enfim, fiquei bem feliz por termos Manu à disposição do Brasil; e muito triste pelo nível subterrâneo do debate político em nosso país.
Avante, Manuela D’Ávila! Tamo junto!
Orlando Silva é Líder do PCdoB na Câmara e deputado federal por São Paulo