A Covid-19 avança assustadoramente no Brasil. Já temos mais de 127 mil contaminados e mais de 8.600 mortos e os números crescem numa velocidade terrível. Mas poderia ser diferente se o país tivesse um presidente que governasse com responsabilidade e agisse de acordo com as normas da ciência e da saúde. Mas não temos. Jair Bolsonaro continua com sua insanidade, zombando das famílias brasileiras com suas perdas.
Contra o isolamento social, o ainda presidente cria confusão e expõe cada vez mais pessoas à morte por saírem da quarentena. Não bastasse isso, o desgoverno atua contra a classe trabalhadora com ou sem carteira assinada.
O vírus ainda pode se alastrar porque o Sistema Único de Saúde (SUS), criado em 1988 pela Constituição, sofreu grandes cortes de verbas e isso agora está expondo os profissionais da saúde por causa da falta de Equipamento de Proteção Individual (EPI).
E mesmo com a maioria absoluta dos estados adotarem a quarentena, à revelia do governo federal, os números trágicos avançam. Poeria estar pior com muito mais pessoas infectados e o número de mortos também seria bem maior sem o isolamento, afirma especialistas.
É o Congresso que tem funcionando razoavelmente para conter os impulsos do poder Executivo em levar a vida como se nada estivesse acontecendo. Aliás, o desgoverno Bolsonaro age para impedir o prosseguimento de investigações sobre seus filhos e aliados políticos e não faz nada para conter o vírus e menos ainda para tirar o Brasil da crise. Principalmente porque o “desprojeto” governamental de Bolsonaro é o causador da crise.
Enquanto isso, a população vai sobrevivendo como pode, tentando fugir da Covid-19 e da fome. O desgoverno atrasa o pagamento do auxílio emergencial aprovado pelo Congresso, faz balbúrdia e provoca filas enormes em bancos. Pelo tamanho das filas nota-se o crescimento da pobreza, do desemprego e do trabalho precário no país.
As mulheres são as que pagam o pato mais uma vez. Cresce a violência doméstica que já é gigantesca e as políticas públicas pela igualdade de gênero e pelos direitos da mulher ter uma vida decente, sem medo e em paz, fazem falta.
Faz falta a Casa da Mulher Brasileira para acolhimento das vítimas, faz falta termos delegacias da mulher 24 horas no país inteiro para punir os agressores e com atendimento digital, faz falta um amplo projeto de discussão das questões de gênero nas escolas, ampliado para as comunidades escolares para atingir toda a sociedade. E dessa forma, todo mundo entenda a necessidade de acabar coma violência contra a mulher e de se respeitar as mulheres como sujeitas de seus destinos e também respeitar a orientação sexual das pessoas, sem nenhum preconceito.
Faz falta também uma ampla política de segurança que garanta a vida de todas e todos, independente da condição social, da cor, da idade, da ideologia e do sexo.
Faz falta a revogação da Emenda Constitucional 95, que congelou salários e investimentos nos setores públicos. Faz falta a votação e aprovação de um Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) permanente e com mais recursos para melhorar as escolas públicas e os salários das professoras e professores tão desgastados. Por isso, poucos jovens se estimulam a aderir ao magistério.
A situação está muito grave. O Brasil é o país onde mais morreram enfermeiras. Já foram 73 óbitos, num país onde quase 85% de quem trabalha na saúde é mulher, como afirma o Conselho Federal de Enfermagem.
Assim como na educação, onde a presença feminina supera os 80%, principalmente no ensino básico. Por aí se vê o machismo institucional e por isso os salários dessas profissões estejam tão aquém das responsabilidades de cada uma.
No caso da educação, vários governos estaduais implantam um ensino remoto de apoio pedagógico com grande sobrecarga de trabalho aos profissionais e excludente em relação aos alunos, já que 39% dos domicílios brasileiros não têm acesso à internet, segundo pesquisa do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação.
Em São Paulo não é diferente. O governador João Doria se preocupa com o marketing, mas na prática não faz nada para a melhoria do ensino e com a qualidade de vida das professoras e professores. Pelo contrário, também corta verbas, não aumenta os salários e pretende privatizar o ensino público.
Em suma, o país vai de mal a pior com esse desgoverno. As pessoas estão com medo de morrer contaminado pelo coronavírus ou de fome, sem salários, sem empregos, sem direitos. Por isso, é essencial tirar Bolsonaro da Presidência com a maior urgência. O Brasil e o povo brasileiro agradecem.
Francisca Rocha é secretária de Assuntos Educacionais e Culturais do Sindicato dos Professores de Ensino Oficial do Estado de São Paulo (APEOESP), secretária de Saúde da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Educação (CNTE) e dirigente da Central dos Trabalhadores e das Trabalhadoras do Brasil (CTB-SP).