Durante muito tempo em nossa língua, emergente era apenas resultante; depois, em 1844, criou-se o termo emergência, a pressa extraordinária.
Os auxílios emergenciais durante a pandemia carregam hoje os dois significados: são resultantes da situação de penúria de milhões mitigada pelos poderes públicos com imediata doação de dinheiro.
Os 600 reais passaram a ser a síntese desses auxílios (que incluem também os de diversas prefeituras e governos estaduais e da lei Aldir Blanc) tendo sido aprovados pelo Congresso Nacional podendo ser renovados nesse valor enquanto durasse a emergência.
O presidente da República descobriu a potencialidade política desse auxílio para sua popularidade, mas caiu em uma armadilha imposta a ele por sua equipe econômica fiscalista: mantê-lo até dezembro e enfrentar a sanha dos rentistas ou restringir seu valor. Procurou escapar com um anúncio mal ajambrado de uma nova Renda Brasil (confundindo a muitos e até a oposição), mas pode ser obrigado a editar medida provisória restritiva.
Desde o início as centrais sindicais defenderam unitariamente o auxílio – a última reunião presencial delas no Congresso Nacional foi sobre esse assunto – e difundiram o apelo de “nenhum real a menos, que ninguém fique sem receber até dezembro”.
A sociedade convenceu-se do papel positivo desempenhado pelo auxílio para a sobrevivência de milhões e também para diminuição da crise econômica. O economista Antonio Corrêa de Lacerda (presidente do Conselho Federal de Economia) demonstrou em artigo o peso dele para a sobrevivência de setores econômicos voltados ao consumo popular (alimentação, artigos domésticos e pequenas obras de construção).
E agora novamente as centrais sindicais unidas lançam um manifesto em defesa dos 600 reais até dezembro e um apelo a todos os partidos políticos aos dirigentes partidários às lideranças e ao Congresso Nacional para que garantam isso, porque faz bem para as pessoas, as famílias, as empresas e a economia.
João Guilherme Vargas Netto, assessor sindical