Conforme matéria de Caio Junqueira para a CNN, as centrais sindicais retomaram protagonismo político com a volta de Luiz Inácio Lula da Silva e do PT ao Palácio do Planalto.
Nos quase 100 dias de mandato presidencial, sindicalistas vêm conseguindo obter postos estratégicos e influenciar decisões importantes do governo.
Na lista estão:
- A nomeação de João Fukunaga para presidir o maior fundo de pensão do país, a Previ — Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil —, que tem ativos de R$ 250 bilhões;
- A indicação de sindicalistas para que integrem o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social Sustentável, o Conselhão;
- A destituição do presidente do Sebrae, Carlos Melles, para indicação do ex-deputado petista Decio Lima, com origem sindical;
- A indicação do ex-presidente da CUT Vagner Freitas para presidir o Conselho de Administração do Sesi e
- Convite para sindicalistas integrarem a comitiva presidencial para a China.
- Além disso, as centrais também têm conseguido se mobilizar e influenciar na agenda do governo Lula.
O caso mais recente foi a redução da taxa de juros do consignado, liderada pelo ministro da Previdência, Carlos Lupi, contra a vontade da equipe econômica.
Os sindicalistas também conseguiram também contra a Fazenda um aumento maior para o salário mínimo e a retomada da política de valorização do salário mínimo.
Ainda segundo a CNN, uma outra conquista está sendo posta em curso: uma mesa tripartite entre governo, empresários e sindicatos para debater a revisão de pontos da reforma trabalhista aprovada no governo Michel Temer (MDB).
“A vitória do Lula foi dos trabalhadores e do sindicalismo. A posse abriu portas importantíssimas no próprio governo”, disse à CNN o secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, o Juruna.
Ele destaca ainda que um dos principais objetivos agora será tentar de alguma modo rever o modelo de financiamento dos sindicatos que foi afetado com o fim do imposto sindical na reforma trabalhista do governo Michel Temer.
“Ainda estamos capenga financeiramente. Temer quebrou os sindicatos. Em uma canetada tirou de 30% a 40% dos recursos dos sindicatos e até 80% das centrais. É preciso melhorar o financiamento.”
Sem os recursos e fragilizadas politicamente nos governos Temer e Bolsonaro, as centrais acabaram afastando antigas desavenças e se alinhando politicamente. Assim como os partidos a que elas são ligadas, todos atualmente integrando a base de Lula.
Temos no Brasil várias centrais sindicais: Central Única dos Trabalhadores (CUT) é ligada ao PT; a Força Sindical, ao Solidariedade; a União Geral dos Trabalhadores (UGT), ao PSD e a Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), ao PCdoB, a Nova Central (NCST), a Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB), a CONLUTAS, a Intersindical Central e Pública.
Todas estarão juntas em um ato no dia 1º de maio no Vale do Anhangabaú em São Paulo.
Lula confirmou presença e o evento deve ser utilizado para fazer o anuncio oficial do reajuste do salário mínimo.
“Hoje há um alinhamento grande das centrais, elas inclusive criaram um fórum das centrais. A adversidade dos últimos anos levou a uma proximidade e isso é facilitado com a reconstrução dos espaços de diálogo na sociedade. Há uma abertura maior para o diálogo por parte do governo, não só com os sindicatos”, afirmou à CNN o diretor-técnico do Dieese, Fausto Augusto Junior.