O cantor e compositor Chico Buarque, de 78 anos, reuniu seu tradicional time de futebol, o Politeama, para uma partida de confraternização com o time da Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito, nesta quinta-feira (21), em um campo de futebol no Recreio dos Bandeirantes, na zona Oeste do Rio de Janeiro.
Antes do início do jogo, já em campo, Chico recebeu de presente cestas de produtos da reforma agrária de integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). O músico também recebeu a Bíblia Pobreza e Justiça, com dois mil versículos destacados sobre o tema. A entrega foi feita por Nilza Valeria Zacarias, membro da Nossa Igreja Brasileira e colunista do Brasil de Fato RJ.
“Eu é que agradeço a vocês, que estão na luta pelo esclarecimento da população, contra o proselitismo e o ódio, contra a negação de tudo o que Cristo nos ensinou. Eu não tenho religião, mas tenho formação cristã. E acho que nesse momento a luta de vocês é da maior importância. E é preciso tentar desfazer a má imagem que criaram dos evangélicos por causa dessa cultura da morte e do ódio”, disse o artista.
Um dos coordenadores da Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito, o pastor Ariovaldo Ramos, ressaltou a confraternização como “uma verdadeira celebração à esquerda com gente que crê e gente que está militando há bastante tempo” e focada em tirar Jair Bolsonaro (PL) da presidência nas eleições de outubro para eleger o ex-presidente Lula (PT).
“É o que nós chamamos na nossa fé de estender a destra da comunhão. Eles estão estendendo a destra de comunhão para nós e nós estamos estendendo para eles para dizer que estamos todos juntos, trabalhando pela mesma causa e trabalhando pela mesma eleição. Vamos juntos, vamos derrubar esse governo para colocar o governo popular de volta”, afirmou o pastor.
Jogo pela união
Nilza Valéria, que esteve na organização do encontro, disse que o jogo, primeiro do time de Chico com adversários evangélicos em campo, “é uma vitamina para a luta necessária nas ruas”.
“É a primeira vez que o time do Chico Buarque joga com um time de evangélicos. Isso é muito simbólico. É simbólico na defesa da democracia, é simbólico no respeito ao diferente, na tolerância para quem não tem o mesmo credo um do outro. Esse jogo é uma celebração, um sopro de esperança que a gente precisa ter para seguir na luta e para construir um Brasil melhor, mais feliz, mais justo e mais igualitário. É uma vitamina para que a gente consiga fazer a luta necessária nas ruas”, comemorou ela.
Para Maíra Marinho, da coordenação nacional do Levante Popular da Juventude, o que houve de comum no encontro é que o Cristo compartilhado entre os participantes é o Cristo popular, que prega o amor, e não o que Jair Bolsonaro chama de cristianismo.
“O futebol é, historicamente, uma linha de ação política e cultural que consegue integrar diferentes povos, diferentes grupos. O que a gente viu aqui hoje foi mais uma face dessa grande potência e ferramenta política do esporte. No momento atual, em que vemos Bolsonaro e o bolsonarismo atacando as instituições do Brasil e a cultura, é fundamental a gente fortalecer a integração entre os grupos e a integração da esquerda. O que aconteceu aqui hoje foi a demonstração de que os evangélicos que acreditam num Cristo popular, que não é esse Cristo do Bolsonaro, também acreditam na construção de um novo projeto de país”, argumentou Maíra.
Após a partida, que terminou em 7 a 3 com vitória do Politeama, jogadores, torcidas, representantes de diferentes movimentos populares e parlamentares convidados para o encontro participaram de um almoço com churrasco até o fim da tarde.
Fonte: Brasil de Fato | RJ