O Centro-Oeste firmou-se nesta eleição como a região mais bolsonarista do país. No Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, todos os candidatos a governador ou senador eleitos neste primeiro turno tinham ou já tiveram alguma relação política com o presidente Jair Bolsonaro (PL).
No Mato Grosso do Sul, único dos quatro estados onde haverá segundo turno para definição do novo governo, os dois candidatos mais votados são aliados do presidente.
Lá, a ex-ministra da Agricultura, Tereza Cristina (PP), foi eleita senadora. No Distrito Federal, outra ex-ministra, Damares Alves (Republicanos), também elegeu-se ao Senado.
Distrito Federal
O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), foi reeleito no primeiro turno, com 50,3% dos votos válidos.
Durante seu governo, Ibaneis manteve lealdade ao presidente Jair Bolsonaro (PL). Encampou pautas caras do presidente: implantou escolas públicas no modelo “cívico-militar” e abriu licitação para construção do Museu da Bíblia em Brasília.
Primeiro governador do Distrito Federal nascido em Brasília, Ibaneis Rocha era um estreante na política quando concorreu ao governo do estado e venceu as eleições de 2018, em meio à onda bolsonarista e da “renovação política”. Advogado, tinha baixíssimas intenções de votos nas primeiras pesquisas, mas venceu o então governador Rodrigo Rollemberg (PSB) no segundo com enorme margem de votos.
Ainda no Distrito Federal, a ex-ministra de Bolsonaro, Damares Alves (Republicanos), foi eleita senadora com quase 45% do votos válidos. Bolsonarista engajada, ela ganhou os holofotes por declarações inclassificáveis, como quando disse que “menino veste azul, menina veste rosa” ou quando defendeu, em diversas oportunidades, medidas anticientíficas no combate à covid-19. Assessora parlamentar por duas décadas, foi auxiliar do ex-senador Magno Malta (PL), outro aliado do presidente Bolsonaro.
Goiás
Em Goiás, o governador Ronaldo Caiado (União) também foi reeleito no primeiro turno. Caiado obteve 51,8% dos votos válidos.
Caiado é integrante de uma longa dinastia de políticos goianos. Já foi próximo a Bolsonaro, mas acabou se afastando do presidente durante seu mandato de governador. Ainda assim, está muito ligado ao setor agropecuário, que é base eleitoral do presidente.
Médico e produtor rural, Caiado se tornou um dos grandes criadores de gado de Goiás. Ingressou na vida política para defender os interesses do setor. Foi candidato a presidente em 1989, e venceu a primeira eleição em 1994, quando foi eleito deputado federal.
Não conseguiu se eleger governador na primeira vez que tentou, em 1998, e entre 2002 e 2010 foi eleito deputado federal para quatro mandatos. Em 2014 foi eleito senador, mas não completou o mandato, pois foi eleito governador em 2018.
Para o Senado, foi eleito em Goiás Wilder Morais (PL), do partido do presidente, com 25,2% dos votos válidos. Morais já foi senador entre 2012 e 2019 e apresentou projetos para revogação do Estatuto do Desarmamento e “fim da indústria das multas”, pautas vinculadas ao bolsonarismo.
Engenheiro e empresário, Wilder Morais nasceu em Taquaral, no interior de Goiás. Foi suplente do ex-senador Demóstenes Torres, cassado em 2012.
Mato Grosso
No Mato Grosso, o governador Mauro Mendes (União) foi mais um reeleito no primeiro turno no Centro-Oeste. Mendes teve mais de 68% dos votos válidos. Ele foi eleito com apoio declarado do presidente Bolsonaro.
Empresário dos setores metalúrgico, de energia e construções, Mauro Mendes chegou a ser processado por submeter cerca de 200 trabalhadores a condições degradantes.
Na política, se lançou candidato pela primeira vez em 2008, quando perdeu a disputa pela prefeitura de Cuiabá. Dois anos mais tarde, foi derrotado em disputa pelo governo do estado. Em 2012, porém, chegou à prefeitura da capital mato-grossense
Mendes chegou a presidir o PSB, mas deixou o partido e foi para o DEM (hoje União Brasil), seu atual partido. Em 2018 venceu a eleição para o governo ainda em primeiro turno.
Para o Senado, foi eleito por Mato Grosso Wellington Fagundes (PL), candidato oficial de Bolsonaro no estado, que teve 65,5% dos votos válidos. Fagundes vai para o segundo mandato consecutivo na Casa.
Antes de chegar ao Senado, foi eleito por seis vezes consecutivas para o cargo de deputado federal, tendo sido, inclusive, o mais votado do estado em 2010.
Médico veterinário, iniciou a trajetória política na cidade de Rondonópolis, onde foi presidente da Associação Comercial e titular da Secretaria Municipal de Planejamento, já passou pelo antigo PDS, pelo PDT e pelo PSDB.
Mato Grosso do Sul
Mato Grosso do Sul é o único estado do Centro-Oeste onde haverá segundo turno. Capitão Contar (PRTB) teve 26,7% dos votos válidos. Vai disputar o governo com Eduardo Rudiel (PSDB), que teve 25,1% dos votos válidos.
Mais votado neste ano, Contar não liderava as principais pesquisas de intenção de voto para o governo do Mato Grosso do Sul. Seu nome, porém, foi citado pelo presidente Bolsonaro no debate da TV Globo dias antes da eleição. Ganhou votos com isso.
Contar é militar de carreira, formado na Academia Militar das Agulhas Negras, onde Bolsonaro também estudou. É deputado estadual e, em sua campanha, usou o slogan “capitão lá, capitão cá”, fazendo referência ao presidente.
Rudiel também se apresentava nesta eleição como o candidato de Bolsonaro em Mato Grosso do Sul. Empresário ligado ao agronegócio, comandou a Federação de Agricultura e Pecuária do estado, a Famasul, e foi diretor da Confederação Nacional da Agricultura (CNA).
Em 2015 assumiu a secretaria de governo de Reinaldo Azambuja e permaneceu no cargo pelos dois mandatos, se cacifando ao governo.
Para o Senado, Mato Grosso do Sul elegeu outra ex-ministra de Bolsonaro: Tereza Cristina (PP), que comandou a Agricultura durante quase toda a gestão do presidente. Ela teve 60% dos votos válidos.
Engenheira agrônoma, Tereza Cristina construiu a carreira política em defesa da flexibilização do uso de agrotóxicos. Desde que foi secretária de Desenvolvimento Agrário do Mato Grosso do Sul, durante o governo de André Puccinelli, liderou a defesa do Projeto de Lei 6.299, o chamado “Pacote do Veneno”.
Foi eleita deputada federal em 2014 pelo PSB, e deixou o partido em 2017, por discordar da posição do partido em oposição ao governo de Michel Temer. Se tornou líder da bancada ruralista e, reeleita deputada federal, não chegou a assumir o mandato, pois foi nomeada ministra por Bolsonaro.
Fonte: Brasil de Fato | Curitiba (PR)