PUBLICADO EM 16 de nov de 2025

Centrais e MTE pressionam Congresso por redução da jornada semanal

Luiz Marinho defende revisão da escala 6×1 e redução da jornada máxima de trabalho/Foto: Allexandre Silva/MTE

Luiz Marinho defende revisão da escala 6×1 e redução da jornada máxima de trabalho/Foto: Allexandre Silva/MTE

As principais centrais sindicais do país reforçaram, nesta segunda-feira (10), o apoio ao ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, na defesa do fim da escala 6×1 e da redução da jornada máxima semanal. O tema foi debatido em seminário realizado na Câmara dos Deputados, onde representantes dos trabalhadores defenderam urgência na tramitação do projeto que aguarda análise da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).

Durante o evento “Alternativas para o Fim da Escala 6×1”, Marinho afirmou que apenas uma mudança legal permitirá ao Brasil avançar para padrões internacionais de jornada. Ele destacou que, sem intervenção do Congresso, o país continuará preso a um modelo que considera “obsoleto” e prejudicial à saúde dos trabalhadores.

Raimundo Suzart, presidente da Estadual SP da CUT

Raimundo Suzart, presidente da Estadual SP da CUT

Raimundo Suzart, presidente da Estadual SP da Central Única dos Trabalhadores (CUT), classificou a mudança como urgente do ponto de vista social e econômico. Ele citou que outros países já debatem jornadas de 33 ou 36 horas semanais e defendeu que qualquer alteração preserve salários e amplie o acesso dos trabalhadores a lazer, estudo e qualificação. Para Suzart, a medida também pode impulsionar a geração de empregos, especialmente para jovens em busca da primeira oportunidade.

João Carlos Juruna, secretário geral da Força Sindical

João Carlos Juruna, secretário geral da Força Sindical

Representante da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, o Juruna, reforçou que as centrais atuam em duas frentes: negociações diretas com empresas e pressão legislativa. Ele lembrou que categorias como metalúrgicos e químicos já conquistaram reduções por meio de acordos coletivos, mas avaliou que a consolidação dessas mudanças dependerá do debate no Congresso.

O coordenador do Fórum das Centrais Sindicais, Clemente Ganz Lúcio, afirmou que tanto a adoção de uma jornada de 40 horas quanto o fim da escala 6×1 estão “maduros” para implementação. Segundo ele, as medidas podem elevar a produtividade e melhorar as condições de vida da população.

“Sem imposição legal, não vamos avançar”, diz Marinho

Marinho reiterou que o país precisa de um modelo de trabalho que garanta saúde, equilíbrio e tempo de descanso adequado. Ele defendeu a redução imediata da jornada máxima para 40 horas semanais, citando experiências positivas em empresas que já adotaram modelos mais curtos.

A economista do Dieese Cristina Pereira Vieceli reforçou que setores como o bancário já apresentam ganhos de produtividade que justificam a redução de jornada. Ela destacou que a mudança tem impacto direto na qualidade de vida, na redistribuição do trabalho de cuidados — especialmente entre homens e mulheres — e no tempo gasto com deslocamentos, que afeta principalmente os trabalhadores de menor renda.

Críticas à escala 6×1 e debate sobre novos modelos

Para Marinho, a escala que prevê seis dias de trabalho para um de descanso deve ser superada. Ele classificou o modelo como “perverso”, sobretudo para as mulheres, e defendeu a garantia de ao menos dois dias consecutivos de folga. O seminário também discutiu a PEC 8/25, que propõe uma jornada de quatro dias de trabalho e três de descanso, com limite de 36 horas semanais e extinção definitiva da escala 6×1.

O ministro afirmou que o debate no Parlamento tem sido dificultado por resistências históricas e citou a reação contrária à tentativa do governo de regulamentar o trabalho no comércio em feriados. Segundo ele, a portaria apenas estabelecia a necessidade de negociação com os sindicatos, mas enfrentou forte oposição do setor.

Ao encerrar o encontro, Marinho defendeu a continuidade das negociações entre governo, trabalhadores e empregadores para construir uma transição “serena e justa”. “É hora de virar a página da escala 6×1”, declarou.

Com Brasil da Fato

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