Depois de realizar balanço positivo do 1º de Maio, unificado pela primeira vez, as centrais sindicais se reuniram nesta segunda-feira (6) em São Paulo para discutir a organização da greve geral de 14 de junho e as ações que serão realizadas até lá. Para os dirigentes, o setor de transporte precisa de atenção específica para reforçar o movimento em protesto contra o projeto de “reforma” da Previdência, em tramitação na Câmara. A data da greve coincide com a abertura da Copa América de futebol, com a partida entre as seleções do Brasil e da Bolívia, no estádio do Morumbi.
Segundo o presidente da Força Sindical, Miguel Torres, anfitrião da reunião desta tarde, a partir de agora serão intensificadas as agendas com líderes partidários em Brasília, além de visitas aos sindicatos de algumas categorias profissionais, com “olhar muito especial” no setor de transporte, considerado fundamental para a greve. Há uma plenária prevista para o próximo dia 18, na sede do Sindicato dos Metroviários de São Paulo.
Ele voltou a destacar a importância da unidade entre as centrais, que neste momento apostam nos pontos de convergência, como a mobilização contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 6, que mexe com a Previdência Social. Do ponto de vista dos sindicalistas, o ideal seria a retirada da PEC para uma tentativa de negociação, mas essa possibilidade é considerada praticamente inviável. Para Miguel, afirmar, como faz o governo, que a “reforma” trará investimentos e crescimento é uma “lorota”.
“Para o empresariado e o país, o que vai trazer a retomada do crescimento é a reforma tributária. Antes de mexer na Previdência, tem outras coisas a fazer. Essa reforma vai trazer mais desigualdade, não vai resolver o problema do desemprego, não vai trazer tranquilidade para os empresários”, diz o dirigente.
Segundo ele, não há qualquer relação entre a data escolhida para a greve geral e a abertura da Copa América. O dia foi definido porque a partir da segunda quinzena de junho o movimento na Câmara começa a declinar, em parte pelas comemorações do período. Antes disso, no próximo dia 15 as centrais manifestarão apoio à paralisação dos trabalhadores no setor da educação. E também vão manter as articulações com as frentes Brasil Popular e Povo sem Medo, presentes no ato de 1º de Maio. Segundo o presidente da CTB, Adilson Araújo, o objetivo é realizar em junho uma greve ainda mais ampla que a de 28 de abril de 2017.
O 15 de maio é visto como um “esquenta” para a greve, segundo o secretário-geral da CUT, Sérgio Nobre. “Fizemos um gol com a união das centrais sindicais e recuperamos o sentido da data”, afirmou.
Durante a reunião na sede da Força, foi lida mensagem da Comissão Brasileira Justiça e Paz, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que fez referência à “história manifestação unitária das centrais”, manifestando ainda a intenção de “compartilhar de novas iniciativas que almejem impedir o desmonte da Previdência pública como maior conquista do povo brasileiro”. Segundo a nota, a proposta do governo “é contra os interesses dos segurados e benéfica para empresas e para o sistema financeiro”.
“A Seguridade Social é um direito do cidadão e um dever do Estado, um projeto de nação e não um negócio de compra e venda!”, afirma a Comissão.
Fonte: Rede Brasil Atual