Em seu relatório Observatório Covid-19 divulgado ontem (22), a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) identificou tendência de queda sustentável nas internações por covid-19 no Brasil. Enquanto o número de novos casos segue direção oposta, consequência do fim das medidas de distanciamento social, as vacinas seguem comprovando sua alta efetividade. O levantamento da entidade vai de encontro a outro estudo,este do Instituto Butantan, que identificou queda de 88% nas mortes causadas pelo coronavírus entre idosos entre março e agosto deste ano.
A Fiocruz reforça seu posicionamento de que, apesar do cenário positivo das internações, não é adequado deixar medidas protetivas de lado. “Conforme temos repetido, apesar da melhoria dos indicadores, ainda é necessário cautela, mantendo-se o uso de máscaras e algumas medidas de distanciamento físico, como acelerar e ampliar a vacinação entre adultos que não se vacinaram ou não completaram o esquema vacinal, entre idosos que requerem a terceira dose e entre adolescentes. Neste contexto, o passaporte vacinal é uma política de proteção coletiva e estímulo à vacinação”, afirmam os cientistas.
O temor é que a livre circulação do vírus desenvolva uma mutação que possa anular os efeitos dos imunizantes, voltando a levar infectados a casos com sintomas graves da infecção.
Com exceção de Espírito Santo e Distrito Federal, onde se observou crescimento, entre 13 e 20 de agosto, o n´mero de hospitalizações continua apresentando sinais de queda ou estabilização no país. Segundo dados colhidos em 20 de setembro, nenhum estado está na chamada zona crítica, quando a taxa de ocupação de leitos supera 80%. A situação mais grave segue no Rio de Janeiro, com 75%. Entretanto, na semana anterior, o indicador estava em 82%. “O estado do Rio de Janeiro é a exceção, pois tem uma “quarta onda” em andamento, provavelmente associado à variante delta. Essa onda está menor, graças à vacinação”, afirma o pesquisador da Fiocruz Leonardo Bastos.
Vacinação
O Brasil tem apenas 40,91% de pessoas com esquema vacinal completo, com duas doses de vacinas ou imunizante de dose única. O indicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para superação do surto é acima de 80%. Enquanto isso, tomaram a primeira dose 73,18% dos brasileiros. “Nesses pouco mais de oito meses de vacinação, a gente pode observar uma redução progressiva de internações em nossos hospitais, o que é exatamente igual ao que acontece no resto do país, no resto do mundo”, afirma médica infectologista do Instituto Butantan Ho Yeh Li. A especialista aponta que as vacinas chegaram como “um sopro de esperança”.
O diretor do Butantan, Dimas Covas, comemorou os bons resultados relacionados com a CoronaVac, vacina produzida pelo instituto. “As pessoas com mais de 70 anos, majoritariamente, mais de 80%, receberam a vacina do Butantan. Portanto, uma contribuição muito importante na redução de óbitos nessa população se deve à CoronaVac. Essa vacina é a que tem o maior número de pessoas analisadas em termos de eficiência, e essa eficiência é elevadíssima”, comenta.
Balanço
Hoje (23) o Brasil registrou 648 mortes pela covid-19 em um período de 24 horas monitorado pelo Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass). Com a soma, são 592.964 vítimas no país, que é o segundo com mais mortes por covid desde o início do surto, em março de 2020. Além disso, o Brasil é o país com mais óbitos registrados neste ano.
Também hoje, foram notificados 24.611 novos casos da infecção respiratória, totalizando 21.308.178 infectados. A média móvel de mortes está em 532 óbitos a cada um dos últimos sete dias. Neste período, a média de novos casos oficialmente registrados é de 34.166.
Fonte: Rede Brasil Atual