“O Brasil é uma câmara de gás a céu aberto. É preciso que grupos, instituições e entidades se manifestem pela vida, contra um genocídio que atinge nosso povo”, diz padre Júlio Lancellotti, 72, coordenador da Pastoral do Povo de Rua. Seu nome é um dos subscritos em uma “carta aberta à humanidade” denunciando ao mundo o que se passa no Brasil, divulgada neste sábado (6).
O total de mortes no país já chegou a 264.446 e o de casos a 10.939.320 desde o início da pandemia. Neste sábado, o Brasil registrou mais de 10 mil mortes pela doença em sete dias. É a primeira vez desde o início da pandemia que isso acontece.
Nesta semana, no pior período desde o primeiro caso registrado no Brasil, e com a vacinação a passos lentos, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a minimizar a doença, criticou medidas de isolamento social e disse que até o final do ano “acabou o vírus” —comportamento que se repete, também, desde o início da pandemia.
País afora, as UTIs estão operado em suas capacidades máximas. Pressionado e no limite, o sistema de saúde público e privado se aproxima de cenários de colapso.
Além de padre Julio, assinam o documento, personalidades como dom Mauro Morelli, bispo emérito de Duque de Caxias (RJ), o teólogo Leonardo Boff e Chico Buarque, entre outros religiosos, artistas e intelectuais.
“Nosso povo precisa ser socorrido e que a humanidade se liberte de todo o fascismo e de todo genocídio dos pobres, dos fracos e dos pequenos”, diz padre Júlio.
Centrais sindicais também aderiram à carta durante o sábado. Os presidentes da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Força Sindical, UGT (União Geral dos Trabalhadores), CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), NCST (Nova Central Sindical de Trabalhadores), CSB (Central dos Sindicatos Brasileiros), CGTB (Central Geral de Trabalhadores do Brasil) , CONLUTAS, Intersindical e Central do Servidor também assinam o documento.
Na carta, os autores fazem um apelo para que STF (Supremo Tribuna Federal), OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Congresso Nacional, CNBB (Confederação Nacional dos Bispos do Brasil) e ONU (Organização das Nações Unidas) se manifestem e tomem providências: “Pedimos urgência ao Tribunal Penal Internacional (TPI) na condenação da política genocida desse governo que ameaça a civilização”.
Eles afirmam que “o monstruoso governo genocida de Bolsonaro deixou de ser apenas uma ameaça para o Brasil para se tornar uma ameaça global”.
O país completou neste sábado, 45 dias com média móvel acima de 1.000. O número de casos nas últimas 24 horas foi de 67.477.
Como tem ocorrido, o elevado número de mortes é acompanhado por altas taxas de contaminação. Os últimos três dias fazem parte do ranking de datas nas quais foram registrados mais casos da Covid. Na última sexta-feira (5), foram 75.337 casos, no dia 3 foram 74.376 e no dia 4 foram 74.285.
Os dados do país, coletados até às 20h, são fruto de colaboração entre Folha, UOL, O Estado de S. Paulo, Extra, O Globo e G1 para reunir e divulgar os números relativos à pandemia do novo coronavírus. As informações são coletadas diariamente com as Secretarias de Saúde estaduais.
A ação do consórcio ocorre em resposta às atitudes do governo Jair Bolsonaro (sem partido), que ameaçou sonegar dados, atrasou boletins sobre a doença e tirou informações do ar, com a interrupção da divulgação dos totais de casos e mortes. Além disso, o governo divulgou dados conflitantes.
Leia íntegra da carta
“Vivemos tempos sombrios, onde as piores pessoas perderam o medo e as melhores perderam a esperança.”
Hanna Arendt
O Brasil grita por socorro.
Brasileiras e brasileiros comprometidos com a vida estão reféns do genocida Jair Bolsonaro, que ocupa a presidência do Brasil, junto a uma gangue de fanáticos movidos pela irracionalidade fascista.
Esse homem sem humanidade nega a ciência, a vida, a proteção ao meio-ambiente e a compaixão. O ódio ao outro é sua razão no exercício do poder.
O Brasil hoje sofre com o intencional colapso do sistema de saúde. O descaso com a vacinação e as medidas básicas de prevenção, o estímulo à aglomeração e à quebra do confinamento, aliados à total ausência de uma política sanitária, criam o ambiente ideal para novas mutações do vírus e colocam em risco toda a humanidade. Assistimos horrorizados ao extermínio sistemático de nossa população, sobretudo dos pobres, quilombolas e indígenas.
Nos tornamos uma “câmara de gás” a céu aberto.
O monstruoso governo genocida de Bolsonaro deixou de ser apenas uma ameaça para o Brasil para se tornar uma ameaça global.
Apelamos às instâncias nacionais – STF, OAB, Congresso Nacional, CNBB – e às Nações Unidas. Pedimos urgência ao Tribunal Penal Internacional (TPI) na condenação da política genocida desse governo que ameaça a civilização.
Vida acima de tudo!
Sua entidade também pode assina. Confira como aqui