A cidade de São Paulo foi responsável por 10,3% do Produto Interno Bruto (PIB) do país em 2019, totalizando R$763,8 bilhões. O município foi um dos que mais tiveram ganho de participação na soma de todos os bens e serviços finais produzidos pelo Brasil na comparação com o ano anterior. Os outros foram Maricá e Saquarema, no Rio de Janeiro, Parauapebas, no Pará, Brasília, no Distrito Federal, e São José dos Pinhais, no Paraná, com aumento de 0,1 ponto percentual cada. Os dados são do PIB dos Municípios, divulgado hoje (17) pelo IBGE.
Embora tenha aumentado a sua participação em 0,1 p.p. no confronto com o ano anterior, a capital paulista foi o município que mais caiu na comparação com o início da série histórica da pesquisa, em 2002. A perda de 2,3 p.p. no período é explicada pela diminuição relativa das atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados.
Para o analista de Contas Nacionais do IBGE, Luiz Antônio de Sá, esse recuo na participação de São Paulo representa uma tendência de redução da concentração do PIB em poucas cidades brasileiras. “Desde o início da série, há essa tendência de diminuição da concentração, apesar de haver municípios com grande participação no PIB, como é o caso de São Paulo e do Rio de Janeiro. Nesse período, outros municípios passaram a ocupar maiores posições em valor de PIB pelo destaque em algumas atividades econômicas, especialmente as ligadas às indústrias. Alguns estados tiveram avanço em geração de energia, outros na agropecuária. Portanto, as atividades importantes para a economia impactaram esse ganho de participação dos outros municípios. E, diante desse avanço, a participação de São Paulo se reduz”, afirma.
Depois de São Paulo, o município que mais perdeu participação no PIB em 17 anos foi o Rio de Janeiro (-1,5 p.p.). Essa queda ocorreu pela diminuição do peso da capital fluminense na indústria do país. “No Rio de Janeiro, a atividade de extração de petróleo tem uma grande relevância. Como outros municípios fluminenses também se destacaram nessa atividade, a capital acabou perdendo participação nesse período”, explica.
Apesar de haver uma redução na concentração, oito municípios respondiam por quase 25% do PIB em 2019. Além de São Paulo (SP), com 10,3%, e Rio de Janeiro (RJ), com 4,8%, as maiores participações foram de Brasília (DF), com 3,7%; Belo Horizonte (MG), com 1,3%; Curitiba (PR), com 1,3% e, com 1,1% cada, Manaus (AM), Porto Alegre (RS) e Osasco (SP).
A pesquisa também aponta que, dos 25 maiores municípios em relação ao PIB do país, 11 são capitais. “Essa é uma característica histórica do Brasil, que se formou muito antes do início da nossa série. O que podemos observar, desde 2002, é que a economia brasileira está muito concentrada nas capitais. A soma das 27, considerando também Brasília, representa quase um terço da economia nacional. Há uma tendência de desconcentração, mas a participação das capitais ainda é bem alta”, diz o analista.
Somados, os 25 maiores municípios responderam por 36,2% do PIB de 2019.
Na comparação com 2018, houve a entrada de Maricá, no Rio de Janeiro, e saída de São Luís, capital do Maranhão, nessa lista. “Maricá já vinha se destacando na extração de petróleo e, em 2019, a produção da cidade aumentou. No caso de São Luís, houve um recuo nas indústrias de transformação, especialmente no segmento de metalurgia. Essa perda na produção foi mais decisiva na saída da capital maranhense no ranking dos 25 maiores municípios”, explica Luiz Antonio.
Quando considerados os 100 maiores municípios em termos de valor de PIB, o Sudeste aparece na lista com 58 cidades, que concentraram 35,3% do PIB nacional. “Essa predominância dos municípios do Sudeste fica bem evidente nesse recorte. Essa realidade também é ligada à formação histórica do país e, como não surgiu de uma hora para outra, também não é reduzida de repente. O perfil de concentração está muito arraigado dentro da distribuição do PIB. Mas podemos perceber um avanço na desconcentração, na medida em que Norte e Centro-Oeste estão ganhando participação”, afirma. Os 100 maiores municípios somavam mais da metade (55,2%) do PIB do Brasil em 2019.
Entre as cidades com maior ganho de participação desde o início da série histórica estão Maricá (0,5 p.p), no Rio de Janeiro, e Osasco (0,3 p.p.), em São Paulo. Enquanto a cidade fluminense se destacou na extração de petróleo, o aumento do município paulista está relacionado a atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados.
Na comparação com o ano anterior, as maiores perdas de participação foram registradas por Rio de Janeiro (RJ), Vitória (ES), Campos dos Goytacazes (RJ) e Ouro Preto (MG).
No Rio de Janeiro, a queda foi associada, principalmente, à indústria metalúrgica. Já em Campos dos Goytacazes, a perda foi ligada à extração de petróleo. Tanto em Vitória quanto em Ouro Preto, a perda da participação também foi ligada às indústrias extrativas, mas principalmente ao minério de ferro.
Presidente Kennedy, no Espírito Santo, tem o maior PIB per capita do país
Os dez municípios com os maiores PIB per capita somavam 1,5% do PIB brasileiro. O maior deles é Presidente Kennedy, no Espírito Santo, com R$ 464.883,49. Ele foi seguido por Ilhabela, em São Paulo. Os dois municípios se destacam na extração de petróleo. Selvíria, em Mato Grosso do Sul, aparece na terceira posição, por conta da geração de energia hidrelétrica.
O PIB per capita da cidade-região de São Paulo, que reúne 92 municípios adjacentes com forte interação, correspondia a 166% do valor nacional. Quando se compara essa região com o semiárido nordestino ou a Amazônia Legal, a desigualdade se torna mais expressiva. No semiárido, o PIB per capita era 40% do valor nacional, enquanto o da Amazônia Legal era 66%.
Administração Pública predomina em quase metade dos municípios do país
A administração pública foi a principal atividade econômica em quase metade (48,9%) dos municípios brasileiros em 2019. Esse percentual ultrapassou 90% em alguns estados como Acre, Roraima, Amapá, Piauí e Paraíba, enquanto em São Paulo foi de apenas 9,9%.
Entre os 241 municípios em que a principal atividade econômica foi ligada às indústrias de transformação, 81,7% estavam no Sudeste e no Sul. Já entre aqueles em que a Agricultura, inclusive apoio à agricultura e pós-colheita, aparece como atividade de maior destaque, Mato Grosso obteve o maior percentual (39,7%), seguido por Rio Grande do Sul (33,6%).