A direção da Caoa Chery manteve a decisão de demitir 485 metalúrgicos da fábrica de Jacareí (SP), que tem 627 trabalhadores, mas a direção do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região continua a luta pelos empregos e acusa a montadora de ter voltado atrás na negociação que previa manutenção dos postos de trabalho.
Na semana passada, a direção do sindicato disse que a empresa havia concordado em realizar um programa de lay-off (suspensão temporária de contratos) por cinco meses e conceder mais três de estabilidade.
Em nota, a Caoa diz que não aceitou a suspensão dos contratos pois a legislação estabelece a medida quando há previsão de retomada da produção no curto prazo, o que não é seu caso. Segundo o grupo, a intenção é manter a unidade fechada até 2025, período em que a fábrica será preparada para produzir apenas modelos híbridos e elétricos, segundo reportagem do Estadão.
Audiência de conciliação
Nesta sexta-feira (20), será realizada uma audiência online de conciliação entre representantes do sindicato, da Caoa e do Ministério Público do Trabalho da região de Jacareí.
Proposta da Caoa Chery
A Caoa Chery oferece indenização adicional de 15 salários para os metalúrgicos que serão demitidos e tiverem mais de cinco anos de empresa, dez para quem tem de dois a cinco anos e sete para aqueles com até dois anos de contrato.
Em todas as propostas, o teto salarial é de R$ 5 mil, ou seja, quem tem mais de cinco anos de casa receberia adicional de R$ 75 mil.
Audiência na Alesp discute desindustrialização
Em audiência pública realizada na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), nesta quarta-feira (18), os dirigentes sindicais destacaram o descumprimento do acordo pela montadora, que havia assinado uma ata em reunião com o Sindicato no último dia 10, mas voltou atrás na realização de layoff. Os diretores também enfatizaram as contradições da empresa.
“A Caoa Chery, assim que começou a pandemia, foi uma das empresas que mais cresceu. Indo na contramão de todas montadoras, que estavam parando por falta de semicondutores, a empresa era a que mais estava vendendo no momento. Agora, ela deu um golpe na gente. Foi uma traição aos trabalhadores”, disse o diretor e trabalhador da Caoa Chery Anderson Elias Xavier (Costelinha).
Os deputados se comprometeram a pedir esclarecimentos à Caoa Chery e também a Avibras e MWL sobre as ameaças aos empregos e direitos dos metalúrgicos da região.
Convocada pelo deputado Carlos Giannazi (PSOL), a audiência discutiu os impactos da desindustrialização do Brasil. O Sindicato participou do encontro e levou para a mesa de debates a atual situação das indústrias do Vale do Paraíba e a importância da mobilização da classe trabalhadora em defesa dos empregos e direitos nas fábricas.
Após a audiência, os deputados se comprometeram a acionar o Tribunal de Contas do Estado de São Paulo para ter acesso aos valores das isenções fiscais recebidas pelas três empresas na região. A Comissão Permanente de Relações do Trabalho da Alesp também deve ser acionada para que convoque a direção dessas fábricas a prestar esclarecimentos aos deputados.
Do lado de fora, os trabalhadores protestaram. Metalúrgicos da região de São José dos Campos realizaram uma passeata na capital paulista, com encerramento em frente à Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, onde aconteceu a audiência.
A manifestação contou, principalmente, com metalúrgicos da Caoa Chery e Avibras, de Jacareí, e MWL, de Caçapava. Nas duas fábricas de Jacareí, os trabalhadores estão com seus empregos ameaçados. Já na MWL, os salários estão com duas semanas de atraso e a empresa não dá qualquer previsão de pagamento.
Produção parada
A fábrica a Caoa Chery de Jacareí está parada desde março, quando os funcionários da linha de produção entraram em licença remunerada. A planta produzia os modelos Tiggo 3 – que saiu de linha –, e Arrizo 6, que passará a ser importado da China.
A unidade inaugurada em 2015 tem capacidade para produzir, em um turno, 50 mil veículos por ano, mas o máximo atingido até agora foi de 14 mil unidades, no ano passado.
Fonte: Redação CUT
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