PUBLICADO EM 02 de abr de 2020
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Cada macaco no seu galho para vencer os inimigos da classe trabalhadora; músicas

Em meio ao combate à pandemia do coronavírus, a música popular brasileira perdeu um de seus grandes representantes. Riachão (Clementino Rodrigues) morreu na segunda feira (30). Aos 98 anos, sobrava energia ao compositor e cantor baiano que estava trabalhando em um disco com músicas inéditas ainda para este ano.

Riachão (Clementino Rodrigues). Foto: Fundação Cultural do Estado da Bahia

Por Marcos Aurélio Ruy

A sua música mais conhecida foi lançada por Caetano Veloso e Gilberto Gil em 1972. “Cada Macaco no Seu Galho” traduz o anseio por liberdade num dos período mais obscuros da história do Brasil, com Garrastazu Médici na Presidência, durante a ditadura (1964-1985).

Uma homenagem a quem viveu de sua arte, marginalizado por um sistema corrosivo e contra a arte. Riachão deixa cerca de 500 canções para o rico acervo da música popular brasileira. Morreu dormindo, diz a família, talvez sonhando em completar 100 anos no ano que vem. Não mais. Sua arte fica para a alegria da cultura popular.

Cada Macaco No Seu Galho, de Riachão, cantam Caetano Veloso e Gilberto Gil

Xô xuá

Eu não me canso de falar

Xô xuá

O meu galho é na Bahia

Xô xuá

O seu é em outro lugar

Xô xuá

 

Cada macaco no seu galho

Xô xuá

Eu não me canso de falar

Xô xuá

O meu galho é na Bahia

Xô xuá

O seu é em outro lugar

 

Não se aborreça moço da cabeça grande

Você vem não sei de onde

Fica aqui não vai pra lá

Esse negócio da mãe preta ser leiteira

Já encheu sua mamadeira

Vá mamar noutro lugar

 

Xô xuá

Cada macaco no seu galho

Xô xuá

Eu não me canso de falar

Xô xuá

O meu galho é na Bahia

Xô xuá

O seu é em outro lugar

 

Não se aborreça moço da cabeça grande

Você vem não sei de onde

Fica aqui não vai pra lá

Esse negócio da mãe preta ser leiteira

Já encheu sua mamadeira

Vá mamar noutro lugar

Xô xuá

Cada macaco no seu galho

 

Xô xuá

Eu não me canso de falar

Xô xuá

O meu galho é na Bahia

Xô xuá

O seu é em outro lugar

 

Xô xuá

Cada macaco no seu galho

Xô xuá

Eu não me canso de falar

Xô xuá

O meu galho é na Bahia

Xô xuá

“Latinoamérica” (América Latina), do grupo porto-riquenho Calle 13 (Rua 13 em português) nos remete à dureza da vida na América Latina tão maltratada por uma elite egoísta e rancorosa ao unir-se ao imperialismo e oprimir a todos nós latino-americanos.

“Minha pele é de couro, por isso aguenta qualquer clima

Eu sou uma fábrica de fumaça

Mão de obra camponesa, para o seu consumo”

O trio que mistura rap, rock, sons de Porto Rico e música latino-americana, fez uma edição em quarentena desta canção para cantar a unidade latino-americana neste momento crucial da vida de todo mundo. Ao mesmo tempo cantar a resistência ao capitalismo causador de desigualdades e adoecimentos.

Latinoamérica (América Latina), de Eduardo Cabra, Rafael Rafa Arcaute e René Pérez; interpretação do grupo Calle 13 (tradução)

Eu sou, eu sou o que sobrou

Sou todo o resto do que roubaram

Um povo escondido no topo

Minha pele é de couro, por isso aguenta qualquer clima

Eu sou uma fábrica de fumaça

Mão de obra camponesa, para o seu consumo

 

Frente fria no meio de verão

O amor nos tempos do cólera, meu irmão!

Eu sou o sol que nasce e o dia que morre

Com os melhores entardeceres

Sou o desenvolvimento em carne viva

Um discurso político sem saliva

As mais belas faces que conheci

 

Sou a fotografia de um desaparecido

O sangue em suas veias

Sou um pedaço de terra que vale a pena

Uma cesta com feijão, eu sou maradona contra a Inglaterra

Marcando dois gols

 

Sou o que sustenta minha bandeira

A espinha dorsal do planeta, é a minha cordilheira

Sou o que me ensinou meu pai

O que não ama sua pátria, não ama a sua mãe

Sou américa latina, um povo sem pernas, mas que caminha

Ouve!

 

Toto la momposina:

Você não pode comprar o vento

Você não pode comprar o sol

Você não pode comprar chuva

Você não pode comprar o calor

 

Maria Rita:

Você não pode comprar as nuvens

Você não pode comprar as cores

Você não pode comprar minha alegria

Você não pode comprar as minhas dores

 

Totó La Momposina:

Você não pode comprar o vento

Você não pode comprar o sol

Você não pode comprar chuva

Você não pode comprar o calor

Susana Bacca:

Você não pode comprar as nuvens

Você não pode comprar as cores

Você não pode comprar minha alegria

Você não pode comprar as minhas dores

 

Calle 13

Tenho os lagos, tenho os rios

Eu tenho os meus dentes pra quando eu sorrio

A neve que maquia minhas montanhas

Eu tenho o sol que me seca e a chuva que me banha

Um deserto embriagado com cactos

Um gole de pulque para cantar com os coiotes

Tudo que eu preciso, eu tenho meus pulmões respirando azul claro

 

A altura que sufoca,

Sou os dentes na minha boca, mascando coca

O outono com suas folhas caídas

Os versos escritos sob as noites estreladas

Uma vinha repleta de uvas

Um canavial sob o sol em cuba

Eu sou o mar do caribe, que vigia as casinhas

 

Fazendo rituais de água benta

O vento que penteia meus cabelos

Sou, todos os santos pendurados em meu pescoço

O suco da minha luta não é artificial

Porque o adubo de minha terra é natural

 

Totó La Momposina:

Você não pode comprar o vento

Você não pode comprar o sol

Você não pode comprar chuva

Você não pode comprar o calor

 

Susana Bacca:

Você não pode comprar as nuvens

Você não pode comprar as cores

Você não pode comprar minha alegria

Você não pode comprar as minhas dores

 

Maria Rita:

Não se pode comprar o vento

Não se pode comprar o sol

Não se pode comprar a chuva

Não se pode comprar o calor

Não se pode comprar as nuvens

Não se pode comprar as cores

Não se pode comprar minha alegria

Não se pode comprar minhas dores

 

Você não pode comprar o sol…

Você não pode comprar chuva

(Vamos caminhando)

No riso e no amor

(Vamos caminhando)

No pranto e na dor

(Vamos desenhando o caminho)

No pode comprar a minha vida

(Vamos caminhando)

A terra não se vende

 

Trabalho árduo, porém com orgulho

Aqui se divide, o que é meu é seu

Este povo não se afoga com as marés

E se derruba, eu reconstruo

Tampouco pisco quando eu te vejo

Para que recordem do meu sobrenome

A operação condor invadindo meu ninho

Perdôo porém nunca esqueço

Ouve!

 

Vamos caminhando

Aqui se respira luta

Vamos caminhando

Eu canto porque se ouve

Vamos desenhando o caminhando

(Vozes de um só coração)

Vamos caminhando

Aqui estamos de pé

Que viva a America!

Não podes comprar minha vida…

A música “Trem Bala”, da jovem compositora Ana Vilela é apropriada para o momento de isolamento social vivenciado por todos. Canta a esperança de um mundo novo, menos sombrio e mais voltado para a irmanação de todas as pessoas.

Trem Bala, de Ana Vilela

Não é sobre ter todas as pessoas do mundo pra si

É sobre saber que em algum lugar alguém zela por ti

É sobre cantar e poder escutar mais do que a própria voz

É sobre dançar na chuva de vida que cai sobre nós

 

Segura teu filho no colo

Sorria e abraça os teus pais enquanto estão aqui

Que a vida é trem-bala parceiro

E a gente é só passageiro prestes a partir

 

Que a vida é trem-bala parceiro

E a gente é só passageiro prestes a partir

 

Não é sobre ter todas as pessoas do mundo pra si

É sobre saber que em algum lugar alguém zela por ti

É sobre cantar e poder escutar mais do que a própria voz

É sobre dançar na chuva de vida que cai sobre nós

 

Segura teu filho no colo

Sorria e abraça os teus pais enquanto estão aqui

Que a vida é trem-bala parceiro

E a gente é só passageiro prestes a partir

 

Não é sobre chegar

No topo do mundo e saber que venceu

É sobre escalar e sentir que o caminho te fortaleceu

É sobre ser abrigo

E também ter morada em outros corações

E assim ter amigos contigo em todas as situações

 

A gente não pode ter tudo

Qual seria a graça do mundo se fosse assim?

Por isso eu prefiro sorrisos

E os presentes que a vida trouxe pra perto de mim

 

Segura teu filho no colo

Sorria e abraça os teus pais enquanto estão aqui

Que a vida é trem-bala parceiro

E a gente é só passageiro prestes a partir

 

Que a vida é trem-bala parceiro

E a gente é só passageiro prestes a partir

 

Não é sobre ter todas as pessoas do mundo pra si

É sobre saber que em algum lugar alguém zela por ti

É sobre cantar e poder escutar mais do que a própria voz

É sobre dançar na chuva de vida que cai sobre nós

 

Segura teu filho no colo

Sorria e abraça os teus pais enquanto estão aqui

Que a vida é trem-bala parceiro

E a gente é só passageiro prestes a partir

Bruce Springsteen canta em “Born in the USA” (Nascido nos EUA) a perseverança para superar as pedras no caminho de um sistema que não sorri para quem vive de seu trabalho. Porque “você acaba como um cachorro que apanhou muito, até que gasta metade da sua vida apenas limpando a sua barra”.

Ainda mais por ter nascido num país decantado como o baluarte da democracia, mas não permite uma organização sindical sólida, se fecha a imigrantes e conta com um sistema de bipartidarismo onde é impossível se eleger para a Presidência sem ser democrata ou republicano.

Os Estados Unidos são de longe quem mais vive da guerra e do ódio no mundo. Nestga canção, Springsteen critica a participação norte-americana da Guerra do Vietnã (1955-1975). Quando um pequeno país do sudoeste asiático derrotou a força bélica extremamente superior dos Estados Unidos e feriu de morte o orgulho de um governo arrogante.

Born in the USA (Nascido nos EUA), de Bruce Springsteen

Nasci em uma cidade pequena

Comecei a apanhar da vida desde pequeno

Você acaba como um cachorro que apanhou muito

Até que gasta metade da sua vida apenas limpando a sua barra

 

Nascido nos EUA

Eu nasci nos EUA

Eu nasci nos EUA

Nascido nos EUA

 

Me meti numa pequena confusão em minha cidade natal

Então eles colocaram um fuzil na minha mão

Me enviaram para uma terra estrangeira

Para ir e matar o homem amarelo

 

Nascido nos EUA

Eu nasci nos EUA

Nascido nos EUA

Eu nasci nos EUA

 

Volto para casa, para a refinaria

O homem que contrata diz: Filho, se dependesse de mim

Mostrei para ele minha carteira de veterano de guerra

Ele disse: Filho, você não entende agora

 

Eu tinha um irmão em Khe Sahn, combatendo o vietcong

Eles continuam lá, ele morreu

Ele tinha uma mulher que amava em Saigon

Eu tenho uma foto dele nos braços dela agora

 

Debaixo da sombra da prisão

Ou perto das chamas de gás da refinaria

Estou há 10 anos sem rumo

Nada para fazer, nenhum lugar para ir

 

Nascido nos EUA

Eu nasci nos EUA

Nascido nos EUA

Eu sou um cara das antigas agora nos EUA

 

Nascido nos EUA

Nascido nos EUA

Nascido nos EUA

 

Eu sou um cara muito maneiro nos EUA agora

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