A pesquisadora do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Estudos sobre os Estados Unidos Neusa Bodijkian prevê que o Brasil não deve ter vida fácil, nos próximos anos, independentemente de quem vença as eleições estadunidenses, marcadas para ocorrer em 3 de novembro. A disputa ocorrerá, segundo ela, num cenário marcado por uma tripla crise – de saúde, econômica e social – decorrente da pandemia.
Nesta quinta-feira (1º), inclusive, o presidente Donald Trump e a primeira-dama Melania foram diagnosticados com a covid-19. Com a doença, parte dos eleitores deve exercer seu voto pelos correios, o que deve trazer ainda mais incertezas para um processo que já é bastante complexo.
Trump vem afirmando, ainda, que pode não reconhecer o resultado das eleições, em função de supostas fraudes ocorridas no envio das cédulas de votação. A probabilidade é que a apuração dos votos seja mais lenta, com risco de judicialização da disputa.
“Trata-se de ameaça à democracia, um valor que os norte-americanos vendem para o mundo inteiro”, afirmou Neusa, que também é professora de relações internacionais, em entrevista a Glauco Faria, no Jornal Brasil Atual desta sexta-feira (2).
Brasil
Apesar do alinhamento automático do presidente Jair Bolsonaro com Donald Trump, sua eventual reeleição não deve trazer benefícios comerciais ao Brasil. Pelo contrário. O risco é que as concessões que o governo brasileiro vem fazendo aos norte-americanos, como no aço e no etanol, por exemplo, tenham sido em vão.
Por outro lado, com uma possível vitória do democrata Joe Biden, a guerra comercial dos Estados Unidos contra a China tende a arrefecer. Com isso, os produtos agrícolas do Brasil perderiam espaço no mercado dos EUA. Além disso, no debate presidencial realizado na última terça-feira, o candidato democrata destacou a devastação ambiental no Brasil, ameaçando retaliar o país.
“Nossa diplomacia criou um conflito que não nos ajuda. Quando faz uma opção de apoiar determinado candidato, acaba manchando uma postura que o Brasil sempre respeitou, de não se envolver na política interna de outros países”, afirmou.
Fonte: Rede Brasil Atual