O descontrole da covid no Brasil deixa o trágico saldo de 5.094 óbitos novos casos notificados ao Conselho Nacional de Secretários de Saúde, o Conass, neste fim de semana, somadas as ocorrências de sábado e domingo (28).
Foram 3.438 mortos no sábado – o terceiro dia em que a marca de 3 mil mortes foi ultrapassada desde o início da pandemia do novo coronavírus, em março do ano passado e todos ocorreram nessa semana.
Nas últimas 24 horas, o Brasil registrou mais 1.656 vítimas, no domingo mais letal do histórico da covid no país. Um mês atrás, nos dias 27 e 28 de fevereiro, também um fim de semana, foram 1.386 mortos no sábado e 721, no domingo (2.107 no total).
Além de registrar a morte de 106 brasileiros por hora em média, o Conass também recebeu 130.274 notificações de novos casos de covid no Brasil durante o fim de semana. Destes, 85.948 no sábado e outros 44.326 hoje.
Segundo o órgão, com os registros de ontem, o país encerrou a semana epidemiológica de maior número de casos – em números oficiais – de toda a pandemia, com 539.903 notificações em sete dias. Também foi a terceira semana consecutiva com mais de meio milhão de casos registrados.
Até o fechamento desta matéria, o Conass ainda não havia atualizado os dados da semana epidemiológica encerrada ontem em relação ao total de óbitos. Mas o certo é que foi igualmente a pior também neste quesito.
No total, 312.206 pessoas já foram mortas pela infecção, de um total acumulado de 12.534.688 infectados pelo vírus desde março de 2020.
Perfil muda
Diferentemente do que ocorreu na chamada primeira onda da pandemia de covid no Brasil, a atual escalada de casos e vítimas está impactando mais faixas etárias mais jovens. É o que aponta um levantamento do projeto “UTIs brasileiras”, da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (Amib), divulgado ontem pela Folha de S.Paulo.
Segundo a Amib, o percentual de pessoas de até 45 anos em 1.593 UTIs públicas e privadas do país aumentou 193% entre fevereiro e março de 2021, se comparado ao período de setembro a novembro de 2020, considerado de relativa tranquilidade na demanda por esse tipo de atendimento, após o pior momento da primeira onda.
Os dados da Amib são similares aos da mais recente edição do Boletim Observatório Fiocruz Covid-19, divulgado nesta sexta (26) e que também aponta o crescimento de infectados e vítimas da infecção entre a população de menos idade.
À reportagem da Folha de S.Paulo, o pesquisador em saúde pública da Fiocruz Raphael Guimarães afirmou ainda não haver evidências de que os quadros mais severos entre os mais novos tenham relação com alguma variante mais agressiva do novo coronavírus.
Estudos estão em andamento para comprovar ou não a hipótese. Contudo, o estudioso afirma que já se pode associar “o adoecimento de número cada vez maior de jovens, independentemente da gravidade, à baixa adesão ao distanciamento. A verdade é que as pessoas não querem acreditar no mau comportamento dos grupos.”
Fonte: Brasil de Fato