Ontem, 18 de julho, o presidente da República Jair Bolsonaro (PL), convidou dezenas de embaixadores estrangeiros para irem ao Palácio do Alvorada para ouvir as mentiras e teorias das conspirações de um presidente que sabe que perderá as eleições.
Bolsonaro repetiu que todas as informações falsas sobre as urnas eletrônicas foram proferidas sem nenhum constrangimento e ainda atacou três ministros do STF, Alexandre de Moraes, Edson Fachin e Luís Roberto Barroso.
Fachin é o atual presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Barroso presidiu a corte eleitoral e Moraes deve comandar o tribunal durante as eleições.
“Por que um grupo de três pessoas apenas quer trazer instabilidade para o nosso país, não aceita nada das sugestões das Forças Armadas, que foram convidadas?”, disse.
Com as pesquisas mostrando que o ex-presidente Lula está liderando a corrida presidencial e que pode ganhar no 1º turno, Bolsonaro está desesperado para tentar algo e deslegitimar o pleito.
Só o presidente falou durante o encontro em que ele utilizou um inquérito da Polícia Federal que ele teve acesso, mesmo sendo sigiloso e que ele divulgou no ano passado em entrevista à rádio Jovem Pan.
Todo o espetáculo horrível que o presidente fez ontem, a repercussão não foi muito boa, como diz o deputado federal Orlando Silva (PcdoB-SP):
“Jamais se viu algo tão surreal. Se as eleições de 2018 foram “fraudadas”, como diz o MENTIROSO DA REPÚBLICA, o mandato dele é ilegítimo, portanto, ele sequer tem autoridade para chamar a reunião com embaixadores. Logo, Bolsonaro deveria renunciar e não tumultuar a eleição.”
Já o ex-presidente Lula lamenta que o líder do país faça algo do tipo para o mundo. “É uma pena que o Brasil não tenha um presidente que chame 50 embaixadores para falar sobre algo que interesse ao país. Emprego, desenvolvimento e combate à fome, por exemplo. Ao invés disso, conta mentiras contra nossa democracia.”
Após o encontro, o presidente do TSE, Edson Fachin se manifestou sobre o ocorrido no Palácio do Planalto e confirmou a integridade das urnas eletrônicas que são usadas desde 1996 e que Bolsonaro foi eleito por elas.
Ele falou durante evento virtual de combate à desinformação, promovido pela OAB Paraná e disse que o debate político atual “tem sido achatado por narrativas nocivas que tensionam o espaço social”.
“É hora de dizer basta à desinformação. É hora também de dizer não ao populismo autoritário, que coloca em xeque a conquista da Constituição de 1988”, disse Fachin.
Manifestações na internet
Jornalistas, políticos, pré-candidatos e sindicalistas se manifestaram nas redes sociais sobre as falas do presidente Bolsonaro. Confira algumas delas.
“Os brasileiros estão enfrentando desemprego, fome, inflação, mas a prioridade do presidente é espalhar mentiras sobre o sistema eleitoral num evento com embaixadores de vários países no Palácio do Planalto. Não é só mais um vexame internacional, é crime de responsabilidade.”
Marcelo Freixo (PSB-RJ) – pré-candidato ao governo do Rio de Janeiro
“Se fosse na década de 50, o powerpoint sobre as urnas eletrônicas seria assim: “Lula não pode ser candidato. Se for, não pode ser eleito. Se eleito, não pode tomar posse. Se tomar posse, não pode governar”.
Octavio Guedes jornalista
“Depois do horrendo espetáculo promovido, hoje, por Bolsonaro, ele não pode ser mais presidente de uma das maiores democracias do mundo ou o Brasil não pode mais se dizer integrante do grupo de países democráticos.
Nunca, em toda história moderna, o presidente de um importante país democrático convocou o corpo diplomático para proferir ameaças contra a democracia e desfilar mentiras tentando atingir o Poder Judiciário e o sistema eleitoral.
Bolsonaro cometeu vários crimes de responsabilidade e temos que buscar instrumentos legais para retirá-lo do cargo. Sei que se trata de uma tarefa delicada porque temos uma figura como Arthur Lira na presidência da Câmara, a quem caberia dar andamento a um pedido de impeachment.”
Ciro Gomes (PDT) – pré-candidato a presidência da República
“O presidente da República convocar reunião com embaixadores para falar mentiras sobre o processo eleitoral e a segurança das urnas eletrônicas e atacar as instituições que garantem esse processo não é crime e incitação ao golpe, o que é crime?”
Sergio Nobre – presidente da CUT
“A ameaça ao Brasil não são as urnas eletrônicas e sim o presidente, afirmam os próprios embaixadores presentes ontem no vexame promovido pelo mentiroso da República.”
Guilherme Boulos
com informações do g1 e Folha de São Paulo
Fonte: Redação Mundo Sindical