O presidente Jair Bolsonaro voltou a atacar o Supremo Tribunal Federal (STF) e convocou apoiadores para atos em 7 de Setembro durante convenção hoje (24), quando foi anunciado oficialmente candidato à reeleição pelo Partido Liberal (PL). “Nós não vamos sair do Brasil. Nós somos a maioria, somos do bem. Nós temos disposição para lutar pela nossa liberdade e nossa pátria. Convoco todos vocês agora para que todo mundo, no 7 de setembro, vá às ruas pela última vez”, conclamou.
E disse ainda que “estes poucos surdos de capa preta têm que entender o que é a voz do povo”. “Têm que entender que quem faz as leis é o poder Executivo e o poder Legislativo”, continuou, em referência aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que têm se posicionado contra as ameaças bolsonaristas.
A chapa terá como vice o general Braga Netto, que entra no lugar do também general Hamilton Mourão. A aprovação da candidatura foi feita por votação virtual e anunciada às 11h17, seguida por discurso de Bolsonaro, que subiu ao palco acompanhado da primeira-dama Michelle Bolsonaro.
“Vocês estão aqui apoiando um projeto de libertação da nação. Há quatro anos, passamos por essa experiência e não tínhamos ideia do que íamos enfrentar, não tínhamos ideia do que estava por vir. Como falei ontem, quando eu cheguei na Santa Casa e vi meu marido na maca (em fala sobre a facada sofrida por Bolsonaro na campanha de 2018), eu olhei para o teto do hospital e falei ‘o senhor tem controle de todas as coisas’. (…) Essa nação é rica, é próspera. Ela só foi mal administrada. Deus ama essa nação”, disse Michelle.
A fala da primeira-dama, por 13 minutos, havia sido introduzida por uma de Bolsonaro se referindo a uma passagem bíblica sobre a mulher virtuosa.
Bolsonaro não ficou só no ataque ao STF e em ameças à democracia por meio de atos em 7 de Setembro. Ele voltou a defender sua plataforma de extrema direita que o elegeu em 2018, como o ‘combate ao comunismo’, à ideologia de gênero, a defesa da armas, da “família e bons costumes” e da liberdade”. Criticou Cuba, disse que a missão de seu governo é não “atrapalhar” a vida do povo brasileiro e defendeu os resultados de seu governo.
Aos apoiadores vestidos de verde e amarelo, lembrou com orgulho que contrariou as diretrizes para lockdown e isolamento social para controle da pandemia de covid-19 que já matou quase 680 mil pessoas no Brasil.
Bolsonaro em desvantagem
“Quando se fala em poder do povo, alguém acha que o povo cubano não quer a liberdade? Tem? Não. Como chegar a esse ponto? Por escolhas erradas (…) A nossa missão é não atrapalhar a vida de vocês. É, cada vez mais, tirar o estado de cima de vocês. Estado forte, povo fraco. Povo forte, estado forte”, disse Bolsonaro o agora candidato à reeleição.
A convenção foi realizada no Maracanãzinho, que não cobrou ingresso e liberou a entrada. Durante a semana, pediu a reserva de lugares por meio de um site. Mas segundo bolsonaristas, a oposição tentou sabotar a convenção, reservando vagas, para esvaziar o evento. Por isso, a deputada federal Carla Zambelli (PL) chegou a acionar a Polícia Federal para apurar o caso.
Zambelli foi uma das muitas apoiadoras presentes. Além dela, os deputados federais Daniel Silveira, Onyx Lorenzoni, Luiz Lima e Hélio Lopes, o senador Romário, o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, o ex-ministros Eduardo Pazuello e Tarcísio de Freitas, o ex-presidente Fernando Collor de Mello. E o advogado Frederick Wassef, além dos sertanejos Matheus e Cristiano, autores do jingle da campanha, “Capitão do povo”.
Bolsonaro e seus aliados busca reverter a desvantagem nas pesquisas, lideradas por Lula. Na pesquisa mais recente do Datafolha ele aparece com 28% e Lula com 47%.
Bolsonaro alfinetou o atual vice Hamilton Mourão. “O vice é aquela pessoa que tem que estar ao seu lado em momentos difíceis. O vice é a solução dos problemas, não pode conspirar contra você. Eu escolhi um general do Exército brasileiro. Vocês conhecem muito bem pela ocasião da intervenção no estado do Rio de Janeiro. Ele fez um trabalho fantástica no Rio de Janeiro”, disse, referindo-se a Braga Netto, que foi interventor do Rio de Janeiro nomeado em 2018 por Michel Temer.
Bolsonaro nomeou Braga Netto para chefia a Casa Civil em 2020 e, em março de 2021, para comandar o Ministério da Defesa. Ele deixou o cargo este ano para assumir a vaga de assessor especial da Presidência da República.
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