São Paulo – Assembleias de bancários pelo país estão aprovando proposta de acordo que prevê reajuste salarial de 5%, o que assegura aumento acima da inflação, e manutenção dos direitos previstos na convenção coletiva. Na base do sindicato de São Paulo, Osasco e Região, funcionários dos bancos privados aprovaram por unanimidade, em assembleia encerrada por volta das 20h30 desta quarta-feira (29).
Até as 23h, a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) relatava aprovação em aproximadamente 100 bases, como Acre, Alagoas, Amapá, Bahia, Ceará, Curitiba, Mato Grosso, Pará, Pernambuco, Pará, Piauí, Rio de Janeiro, Rondônia, Roraima, Sergipe, Belo Horizonte, Florianópolis, Porto Alegre e a região do ABC paulista. Houve rejeição em seis bases, incluindo Brasília.
O reajuste de 5% indica aumento real de 1,18%, considerando uma estimativa de 3,78% para o INPC acumulado em 12 meses. Para saber o índice exato de ganho real, falta sair o resultado do INPC de agosto, que será divulgado pelo IBGE na quinta-feira da semana que vem (6). A primeira parcela de participação nos lucros ou resultados (PLR) será paga em 20 de setembro.
A proposta para o setor privado foi apresentada pela Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) no último fim de semana, depois de 10 rodadas de negociação com o Comando Nacional dos Bancários. O índice é válido para bancos privados e do setor público, e incide sobre todas as verbas.
O acordo prevê ainda manutenção de todos os direitos da convenção coletiva. A validade é de dois anos. Para 2019, fica assegurado reajuste com base na inflação mais 1% de aumento real para salários e demais verbas. De acordo com os bancários, a categoria vai acumular aumento real, de 2004 até 2019, de 23,5% nos salários e 44,7% no piso.
Presente à assembleia da Caixa Econômica Federal, na quadra do sindicato de São Paulo, na região central, a presidenta da Contraf-CUT, Juvandia Moreira, lembrou que a campanha deste ano ocorreu já com a implementação da “reforma” trabalhista e sob um contexto de “ataque sistemático aos direitos dos trabalhadores”. As assembleias da Caixa e do Banco do Brasil (na Casa de Portugal) também ratificaram o acordo.
O presidente da CUT, Vagner Freitas, que é bancário, também destacou a importância do acordo, que para ele se torna referência nacional. “Os bancários derrotaram a reforma trabalhista”, afirmou, na assembleia do setor privado, no Clube Homs, na Avenida Paulista.
“Em um ambiente de alta incerteza política e econômica, a categoria garantiu ganho real nos próximos dois anos e a manutenção dos direitos da convenção ao hipersuficiente, criado na nova lei trabalhista, que não estariam resguardados pelo acordo coletivo da categoria”, lembrou a presidenta do sindicato de São Paulo, Ivone Silva. “Em uma das mais difíceis campanhas dos últimos anos, conquistamos e avançamos em nossos direitos. A mobilização dos trabalhadores fez com que os banqueiros recuassem.” A entidade representa 142 mil dos 480 mil bancários do país.
Segundo Juvandia, os bancos assumiram compromisso verbal de não substituir trabalhadores formais por “precarizados”, como terceirizados. “E nós vamos cobrar. Nos manteremos firmes, mobilizados, atentos a qualquer descumprimento do que foi acordado”, afirma.
Fonte: Rede Brasil Atual