O 3º Congresso da Fitmetal (Federação Interestadual dos Metalúrgicos e Metalúrgicas do Brasil) terminou neste sábado (23), em Betim (MG), com a aprovação da “Carta de Minas Gerais” e a eleição da nova diretoria. O sindicalista Assis Melo, do Rio Grande do Sul, é o novo presidente da entidade, com mandato até 2025.
O debate sobre a política nacional e as eleições 2022 prevaleceu na programação do Congresso. Por unanimidade – e com a palavra-de-ordem “Fora, Bolsonaro” –, os delegados deliberaram o apoio da Fitmetal à pré-candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Presidência da República. Os candidatos do movimento sindical classista também serão apoiados formalmente pela Federação.
Segundo a “Carta de Minas Gerais” – que corresponde à resolução política do Congresso –, “as eleições gerais de outubro representam o inadiável ponto de virada” para o Brasil. “É preciso – e é urgente – derrotar Bolsonaro e seu projeto”, aponta o documento. “A frente anti-Bolsonaro é, essencialmente, uma frente antifascista e pró-democracia – uma frente de salvação nacional.”
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A resolução defende a reindustrialização do País como “caminho para garantir o crescimento sustentável, o desenvolvimento nacional soberano, a geração de empregos e avanços sociais”. No rumo de um Brasil pós-Bolsonaro e pós-pandemia, o texto também endossa os quatro eixos da Pauta da Classe Trabalhadora, aprovada na Conclat 2022: empregos, direitos, democracia e vida.
“Este é o sentido que deve ter a candidatura presidencial de Lula pela Federação Brasil da Esperança (PT, PCdoB e PV), com o apoio do PSB. Este é o sentido que hão de ter as candidaturas de metalúrgicos(as) e outros(as) representantes da classe trabalhadora ao Congresso Nacional e às assembleias legislativas”, indica a “Carta de Minas Gerais”.
Fortalecer a Fitmetal
Realizado de forma híbrida, com cerca de 120 delegados – entre presenciais e virtuais –, o 3º Congresso teve como patrono o líder metalúrgico e ex-vereador de São Paulo (SP) pelo PCdoB Vital Nolasco (1946-2022), que faleceu em janeiro passado. Vital foi dirigente de dois sindicatos da categoria – o de Contagem (MG) e o de São Paulo. Um vídeo em sua homenagem foi exibido aos participantes.
A programação contou com a presença de Nivaldo Santana, secretário nacional de Movimento Sindical do PCdoB; Adilson Araújo, presidente nacional da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil); e de Valéria Morato, presidenta da CTB Minas Gerais. Valéria fez, no primeiro dia do Congresso, a exposição sobre conjuntura nacional. Já no segundo dia, Nivaldo participou do debate sobre “Mudanças no Mundo do Trabalho”, ao lado do economista Fernando Duarte, supervisor técnico do Dieese.
O geógrafo Ronaldo Carmona, por sua vez, coordenou a mesa que tratou da “Situação da Indústria no Brasil”. Houve, ainda, um informe especial de Ronaldo Leite, secretário-geral da CTB, a respeito da “Presença da CTB no Sindicalismo Metalúrgico”.
Os delegados aprovaram o Balanço da Fitmetal (2017-2021) e o Plano de Lutas (2022-2025). Assim, a Fitmetal adota como diretriz o lema de seu 3º Congresso: “Por uma Federação mais forte, renovada, classista e de luta”. A fusão com a Fetim Bahia e a filiação de novas bases estão entre os objetivos deliberados. A direção eleita reflete essa orientação, ao incorporar sindicalistas de mais entidades.
A nova direção
A nova diretoria da Fitmetal, encabeçada por Assis Melo RS), deve tomar posse, formalmente, em maio. Gaúcho de Bom Jesus, Assis é membro da direção nacional da CTB e preside o Sindicato dos Metalúrgicos de Caxias do Sul e Região (RS). Ele já foi o vereador de Caxias – com a maior votação na história da cidade – e deputado federal pelo PCdoB-RS. Na gestão cessante da Fitmetal, Assis era vice-presidente.
Agora, a direção eleita, composta por 55 lideranças metalúrgicas, terá três vices: Raimunda Leone (RJ); Ubiraci Dantas, o “Bira” (SP); e Alex Custodio (MG). Para a Secretaria-Geral, foi eleito Wallace Paz (RJ). Já Marcelino da Rocha (MG) – que estava na presidência desde a fundação da Fitmetal, em 2010 – assume a Secretaria de Relações Internacionais. No sábado (20), Marcelino foi homenageado pelos delegados, que lhe entregaram uma placa.
A participação feminina da nova diretoria da Fitmetal voltou a bater recorde. De 55 dirigentes, 15 são mulheres. Entre os 18 membros da direção executiva, elas são seis: ao lado de Raimunda Leone, estão as secretárias de Finanças, Andréia Diniz (MG); de Formação, Eremi Melo (RS); de Comunicação, Flora Lassance (BA); da Mulher, Valéria Possadagua (BA); e de Juventude, Fabiana Machado (SC).
Hoje, segundo o Dieese, as mulheres representam 18% da categoria metalúrgica. Mas, graças à política de valorização das mulheres na Fitmetal, elas responderão por 27% da direção plena e por 33% da direção executiva.
Fonte: Fitmetal