PUBLICADO EM 03 de ago de 2022
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Após defender sistema eleitoral, Luiz Fux também vira alvo de Bolsonaro

Desequilibrado, o chefe do Executivo continua a ameaçar o regime e atacar os que considera inimigos de sua permanência no poder

Em discurso para dezenas de embaixadores, no dia 18 de julho, Bolsonaro passou dos limites – Foto: Clauber Cleber Caetano/PR

Enquanto as instituições, entidades e movimentos sociaos se mobilizam cada vez mais, em nome da democracia e das eleições, o presidente Jair Bolsonaro continua a ameaçar o regime e atacar os que considera inimigos de sua permanência no poder, dessa vez voltando suas baterias contra o presidente do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux. Os ataques ao chefe de um dos três poderes da República foram feitos na manhã desta terça-feira (2). durante entrevista à gaúcha Rádio Guaíba.

Vendo-se cada vez mais acuado pela sociedade (vide a estrondosa repercussão da Carta aos Brasileiros), assim como pelas pesquisas que apontam o favoritismo de Lula consolidado, Bolsonaro (PL) mirou o ministro que preside a mais alta Corte do Brasil. Isso porque, ao abrir ontem os trabalhos do STF no semestre, Luiz Fux afirmou que “nossa democracia conta com um dos sistemas eleitorais mais eficientes, confiáveis e modernos de todo o mundo”.

Como faz sempre, Bolsonaro voltou a mentir sobre o processo eleitoral brasileiro, considerado um dos mais seguros do mundo. “Prezado, Fux: qual país do mundo desenvolvido adota nosso sistema? (…), que maravilha de sistema é esse que ninguém quer a não ser Bangladesh, Butão, Venezuela (…) Então, com todo respeito ao Fux (…), mas no mínimo, para ser educado, equivocado. Ou fake news”, disse o presidente.

Porém, a verdade é que, segundo já exaustivamente mostrado pelo TSE, 46 países usam urnas eletrônicas em suas eleições. Desses, 16 adotam máquinas de votação eletrônica de gravação direta, sem qualquer interação com cédulas de papel.

Alexandre de Moraes
Em outra passagem de seu discurso, Luiz Fux aproveitou para citar aquele que Bolsonaro e seus apoiadores elegeram como “o grande inimigo”. “Saúdo também o nosso ministro Alexandre de Moraes que, em breve, passará a conduzir os trabalhos do TSE, no ápice do período eleitoral, com a competência que lhe é habitual”, disse o presidente do STF.

Os ataques do presidente da República a membros das mais elevadas cortes do país também revelam seu temor de ser preso depois do mandato, conforme vem repetindo a interlocutores em Brasília, inclusive de seu próprio governo, segundo a colunista Mônica Bergamo, do jornal Folha de S.Paulo.

Desequilibrado
Além do dado concreto relacionado à Justiça que provavelmente terá que enfrentar no ano que vem, caso não seja reeleito, alguns analistas avaliam que Bolsonaro dá claros sinais de sofrer desvios comportamentais. Para o psicanalista Christian Dunker, professor da Universidade de São Paulo, por exemplo, o presidente brasileiro tem disposições de personalidade ligadas ao funcionamento discursivo que ele classifica como paranoide.

“Bolsonaro tem um discurso paranoide, uma produção contínua de inimigos. Então, faz uma projeção da culpa nos outros”, afirmou o psicanalista à RBA em junho. No dia 18 de julho, em episódio no qual passou dos limites da normalidade, o presidente reuniu dezenas de embaixadores de países estrangeiros ara atacar o sistema eleitoral brasileiro.

Fonte: Rede Brasil Atual

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