Por Marcos Aurélio Ruy
O tempo não para e a vida segue em frente. Cinco canções com a diversidade cultural, social e étnica brasileira. Pode apreciar sem nenhuma moderação. Semana que vem tem mais.
Mestrinho
O cantor, compositor e sanfoneiro sergipano, Mestrinho se destaca com um trabalho talhado nos ritmos nordestinos com uma pegada pop. Ele e a irmã Thaís Nogueira, que é cantora, moram em São Paulo e batalham por um merecido espaço no cenário da música popular brasileira. Tem influências diversas em suas obras. Notadamente de Dominguinhos (1942-2013), Sivuca (1930-2006), Hermeto Pascoal, Jacob do Bandolim (1918-1969), Pixinguinha (1897-1973), Gilberto Gil, Milton Nascimento, entre outros.
“Somos o coração do universo
Somos estrelas brilhando no céu
Da vida na luta, enfrentando o dia a dia
E perfeitos sonhadores
Ansiosos pra viver”
Ansiosos pra Viver (2019), de Mestrinho
Lan Lanh
A compositora e cantora baiana Lan Lanh forma dupla coma a cantora e atriz Nanda Costa, com quem vive. Já acompanhou Cássia Eller (1962-2001) como percussionista. Sua música aparentemente simples leva a reflexões sobre o mundo que queremos.
“Aqui não tem bandeira
Só realidade
Terias que escutar os dinossauros da praça
Soltando alma
E se não tem onde buscar
E não encontra, os acrobatas da rua da praça”
Delaveraveraboom (2003), versão de Lan Lanh para a canção de Daniel Monoloco
Motor City Five
Motor City Five (MC5) é uma banda de Detroit, Estados Unidos formada em 1964 e durou até 1972. Composta por Wayne Kramer (guitarra), Pat Burrows (baixo), Rob Tyner (vocais), Bob Gaspar (bateria) e Fred “Sonic” Smith (guitarra). A banda teve como empresário nada menos do que o poeta estadunidense John Sinclair, o líder do White Panther Party, um grupo de contracultura, formado por socialistas brancos em apoio aos Panteras Negras no movimento antirracista.
Considerado um dos precursores do punk rock, o MC5 enfrentou muitos problemas com a censura em seu país. De origem operária, as poesias do grupo erem recheadas de ideias revolucionárias e muitos palavrões, que feriam amoral puritana dos governantes estadunidenses, como a canção “Kick Out The Jams, Mother Fuckers” (Vamos Detonar, Filhos da Puta”), a gravadora obrigou a mudança para “Kick Out The Jams, Brothers and Sisters” (“Vamos Detonar, Irmãos e Irmãs”).
“Os líderes loucos de poder que controlam seu próprio destino
Eles roubam sua vontade, distorcem sua vida e vendem sua alma
Se você está vagando ou vagando perdido,
Você é o alvo perfeito para a traição
A liberdade é sua agora”
Future Now (Futuro Agora, 1971), de Rob Tyner; canta MC5
Marcos Valle
Compositor de centenas de canções, a maioria em parceria com seu irmão Paulo Sérgio Valle, o carioca Marcos Valle é um dos nomes da bossa nova com incursão pela música de protesto. “Samba de Verão” (1965), dele colmo p irmão, é uma das canções brasileiras mais executadas no mundo.
“Quem tem de noite a companheira
Sabe que a paz é passageira
Pra defendê-la se levanta
E grita: Eu vou!
Mão, violão, canção e espada
E viola enluarada
Pelo campo e cidade
Porta bandeira, capoeira
Desfilando vão cantando
Liberdade. Liberdade”
Viola Enluarada (1968), de Marcos Valle; participação especial de Milton Nascimento
Rita Lee
A paulista Rita Lee se destaca no rock brasileiro e mantém um estilo singular com lugar garantido o acervo da música popular brasileira. Começou a carreira com a banda Os Mutantes nos anos 1960 e se firmou na carreira como uma das mais importantes cantoras e compositoras brasileiras.
“É o fim da picada
Depois da estrada começa
Uma grande avenida
No fim da avenida
Existe uma chance, uma sorte
Uma nova saída”
Coisas da Vida (1976), de Rita Lee