Durante a abertura da 22ª Sessão do Fórum Permanente sobre Questões Indígenas, que acontece entre os dias 17 e 28 de abril na sede das Nações Unidas em Nova Iorque, o chefe da ONU elencou os múltiplos desafios enfrentados pelos povos indígenas: marginalização e exclusão; negação dos direitos humanos; exploração ilegal de territórios ricos em recursos; desapropriação e despejo de suas terras ancestrais; e até mesmo ataques físicos e violência.
A injustiça de gerações de discriminação se manifesta em desigualdades assombrosas. Os povos indígenas representam cerca de cinco por cento da população mundial – mas quinze por cento dos mais pobres do mundo.
Embora os povos indígenas morem em áreas que contenham cerca de 80% da biodiversidade do planeta, muitos ainda lutam para manter seus direitos legais a terras, territórios e recursos.
“Os povos indígenas refletem a magnífica diversidade da humanidade – representando mais de 5.000 culturas diferentes e falando mais de 4.000 idiomas diferentes.” – António Guterres.
Na abertura do Fórum Permanente das Nações Unidas sobre Questões Indígenas de 2023, o secretário-geral da ONU lamentou a exclusão e os danos sofridos por esses povos.
De acordo com Guterres, grande parte dessas culturas está perdendo “suas terras, seus direitos e seus recursos”. Ele lembrou que apesar dos povos indígenas serem apenas 5% da população mundial, representam 15% dentre os mais pobres.
Guterres afirma que a discriminação atravessa gerações e constitui uma injustiça que se manifesta em “desigualdades chocantes”.
Ele destacou a marginalização, a negação dos direitos humanos, a exploração ilegal de recursos naturais e a desapropriação de terras ancestrais.
Soluções dos povos indígenas para as crises que afetam a humanidade
O secretário-geral disse que é preciso valorizar a experiência e o conhecimento dos povos indígenas na preservação do meio ambiente e na garantia da segurança alimentar: “os povos indígenas detêm muitas das soluções para a crise climática e são os guardiões da biodiversidade”.
Ele destacou exemplos pioneiros de gestão da terra e adaptação a mudanças no clima. Dentre eles, técnicas ancestrais de cultivo no Sahel que estão trazendo vida para a região semiárida. Guterres também atribuiu aos povos indígenas formas de agricultura que preservam ecossistemas na Amazônia e previnem desastres nos Himalaias.
Por outro lado, o líder da ONU alertou que embora não tenham feito nada para gerar a crise do clima, estes povos estão na linha de frente das emergências que decorrem dela.
Segundo ele, os maiores e piores impactos ocorrem nessas comunidades. Como consequência os meios de vida são destruídos e a sobrevivência é ameaçada.
Guterres afirmou que é muito bem-vindo o foco da edição de 2023 do Fórum Permanente sobre a conexão entre saúde planetária e humana, a crise climática e os direitos indígenas.
“As Nações Unidas estão com vocês”
Perante diversas lideranças indígenas de vários países, Guterres afirmou: “as Nações Unidas estão com vocês”.
Ele saudou os movimentos indígenas de todas as partes do mundo, lembrando que muitas vezes são liderados por mulheres e jovens.
Guterres saudou a participação dos povos indígenas em outros processos da ONU, como a Convenção sobre Diversidade Biológica e a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima. Ele lembrou que a entidade está ampliando a participação dos povos indígenas em suas ações desde 2007.
Sobre o Fórum Permanente
O Fórum Permanente das Nações Unidas sobre Questões Indígenas é um órgão consultivo de alto nível do Conselho Econômico e Social. Foi criado em 2000 com o mandato de tratar das questões indígenas relacionadas ao desenvolvimento econômico e social, cultura, meio ambiente, educação, saúde e direitos humanos.
O relatório Nossa Agenda Comum, que sintetiza a visão da organização para o futuro, defende abordagens com participação significativa e liderança de grupos marginalizados, incluindo minorias e povos indígenas.
Acompanhe, ao vivo, as sessões do Fórum de 2023 na TV online da ONU, entre os dias 17 e 28 de abril.
Fonte: ONU