
Luhli e Lucina
Por Marcos Aurélio Ruy
O tempo não para já dizia Cazuza. E como a vida segue em frente, resistir é o verbo de quem acredita no futuro e na humanidade. Os irmãos estadunidenses George e Ira Gershwin mostram a força da música para levantar os mais deprimidos entre os niilistas.
A dupla sertaneja Luhli e Lucina, de Mato Grosso, canta o desejo de suplantar a maldade e unir forças para o “milagre da vida”. A gaúcha Adriana Calcanhotto lembra que a vida não espera e o nosso tempo é hoje. Enquanto o paulista Pélico acredita que a fé nos sonhos de construir um mundo mais solidário não acaba nunca.
O baiano Dorival Caymmi é um dos maiores talentos da música popular brasileira, influenciando até os bossanovistas com sues samba-canções, quem nunca cantarolou “Marina” (1947)? Sem Caymmi a MPB não seria o que é.
Luhli e Lucina
A dupla sertaneja Luhli e Lucina começou nos anos 1970 e encerrou carreira em 1996, cada uma seguindo carreira solo. A Luhli (Heloísa Orosco Borges da Fonseca, 1945-2018) foi parceira de João Ricardo nas canções “O Vira” e “Fala”, lançadas no primeiro disco do grupo Secos & Molhados, em 1973. Já Lucina (Lucia Helena Carvalho e Silva), que completará 70 anos em dezembro, continua na ativa. As duas são de Cuiabá, capital de Mato Grosso.
“Mas um dia chegou e nóis desprevinidos
(e nóis desprevinido)
Caímos no chão como dois inimigo
(como dois inimigo)
Nos batendo, estropiando
Destruindo o construído
(destruindo o construído)
No fundo do tacho um gosto de fel
Mas um dia as abelhas se voltam todinhas
E no milagre da lida
No milagre da lida o amor vira mel
Êta nóis!”
Êta nóis (1984 ), de Luhli e Lucina, participação especial de Ney Matogrosso
George e Ira Gershwin
Os irmãos George Gershwin (1898-1937) e Ira Gershwin (1896-1983) estão entre os mais compositores dos Estados Unidos e do mundo. Suas canções aparecem em diversos filmes e forma gravadas por Ella Fitzgerald, Louis Armstrong, Charlie Parker (The Bird) , Oscar Peterson, Miles Davis, Frank Sinatra, Doris Day, João Gilberto, Fred Astaire, Janis Joplin, John Coltrane, e muitos outros grandes artistas.
“Quem poderia pedir mais alguma coisa?
Os dias podem ser ensolarados, sem nenhum suspiro
Não precisa do que o dinheiro pode comprar
Pássaros nas árvores cantam o dia
Por que não deveríamos cantar junto?”
Eu Tenho Ritmo (I’ve Got Rhythm, 1930), de George e Ira Gershwin
https://youtu.be/uPRiM5JvYx8
Adriana Calcanhotto
A cantora, compositora, instrumentista, produtora musical, arranjadora, escritora e ilustradora gaúcha Adriana Calcanhotto iniciou carreira nos anos 1980. Desde então brilha no cenário da MPB
“Entre por essa porta agora
E diga que me adora
Você tem meia hora
Pra mudar a minha vida
Vem, vambora
Que o que você demora
É o que o tempo leva”
Vambora (1998), de Adriana Calcanhotto
Pélico
O paulista Robson Pélico está na estrada profissionalmente desde 2006. Suas canções mistura rock com MPB e outros gêneros.
“Triste daqueles que não sabem mais contemplar
E juram que podem julgar
Nada vai nos alcançar
A vida pertence a verdade
Dos sonhos que vão te buscar”
Tenha Fé, Meu Bem (2011), de Pélico
Dorival Caymmi
Vem da Bahia os om inovador de Dorival Caymmi (1914-2008). Caymmi trouxe o som da Bahia para o eixo Rio-São Paulo e nunca mais saiu das paradas. Influenciou compositores de outras gerações como Caetano Velos, Gilberto Gil e Chico Buarque, além de João Gilberto. É um dos maiores nomes da MPB de todos os tempos.
“Vida de negro é difícil, é difícil como o quê
Vida de negro é difícil, é difícil como o quê
Eu quero morrer de noite, na tocaia me matar
Eu quero morrer de açoite se tu, negra, me deixar
Vida de negro é difícil, é difícil como o quê”
Retirantes (Vida de Negro, 1976), de Dorival Caymmi