Esqueçam os exageros ideológicos. Servem apenas para animar a plateia e manter mobilizado o núcleo duro. O exercício do poder real exige pragmatismo. A vida prática sempre se impõe.
Foi inteligente o acordo do PSL de Bolsonaro com Rodrigo Maia. O partido do presidente corria o risco de ficar isolado. Melhor ganhar com Rodrigo. Governo pode ser sócio de vitória. Não pode é ser derrotado. Maia não é um Bolsonarista, mas tem afinidade com o discurso liberal de Guedes.
Mais inteligente ainda foi Rodrigo ao anunciar publicamente que avisou ao PSL que também quer o PT. Se posiciona como o candidato do parlamento democrático e do respeito institucional aos partidos.
Não é uma equação simples, ainda podem acontecer reviravoltas, mas ter Maia como “teto” de Bolsonaro não deixa de ser bom na atual conjuntura. Poderia ser alguém bem pior.
Maia é do DEM, tem suas posições públicas liberais, mas cumpre acordos e respeita o espaço dos partidos na Casa.
A esquerda agora fará sua escolha. Se apoiar Maia unge o atual presidente da Câmara como o candidato do consenso. Seria uma vitória extraordinária de Rodrigo. Seria reeleito sem ser devedor de nenhum dos lados.
No momento, qualquer outro caminho para a esquerda parece ser o do isolamento, apenas para marcar posição. Deixaria Maia livre para aprofundar seus acordos com o lado de lá, livre de qualquer compromisso com a esquerda.
Bolsonaro decidiu ceder e não correr risco. A esquerda vai negociar o possível ou marcar posição? O jogo recomeçou. A realpolitik está entrando em campo novamente. O Capitão demonstra que sua “maluquice pode não ser tão maluca assim”.
Ricardo Cappelli é secretário da representação do governo do Maranhão em Brasília e foi presidente da União Nacional dos Estudantes
rita de cassia vianna gava
Dialogar sempre desde que sejam ouvidos façam valer seus propósitos não só como figurantes.
Negociar depende do que é pra quem