PUBLICADO EM 29 de jul de 2020
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A direita tem quatro vezes mais perfis suspensos em redes sociais do que a esquerda, diz DataFolha

A quantidade de perfis suspensos em redes sociais por violar regras é quatro vezes maior no campo da direita do que na esquerda. O dado é de um levantamento do DataFolha divulgado hoje (29).

Carlos Bolsonaro. Foto: Agência Brasil

“Aqueles que estão entre os 5% mais à direita das contas analisadas concentraram 3.870 suspensões (num total de 86.052 perfis com as mesmas características ideológicas). No grupo equivalente à esquerda, foram 793 contas enquadradas pelo Twitter (num total de 86.051 perfis)” diz a matéria.

O levantamento foi feito entre maio de 2019 e junho de 2020 e não inclui as contas bloqueadas pela plataforma na última sexta-feira (24) —medida tomada por decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal).

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido), seu filho Carlos (Republicanos), o ex-presidenciável Fernando Haddad (PT) e o deputado federal Marcelo Freixo (PSOL) foram alguns dos que interagiram com algumas das contas apagadas. O mais ativo deles é o vereador carioca Carlos Bolsonaro, apontado como mentor do chamado “gabinete do ódio”, instalado no Palácio do Planalto para definir estratégias digitais do governo. Carlos interagiu 53 vezes com contas que saíram do ar, além de possuir a maior taxa de seguidores bloqueados pelo Twitter entre as figuras políticas analisadas: 3% de quem o acompanhava foram suspensos pela rede social. Em abril, a Polícia Federal identificou o vereador como um dos articuladores de um esquema criminoso de fake news.

Segundo o pesquisador de redes sociais Fábio Malini, a direita desenvolve um “lógica de guerra” segundo a qual é esperado que parte da tropa vai morra no processo. “Ser governo implica estar em tensão permanentemente. Eu não sei se seria assim se esse dado tivesse sido colhido em 2018, quando o [ex-presidente pelo PT] Lula estava sendo preso, por exemplo”, disse ele à Folha.

Ysani Kalapalo

Ysani Kalapalo, a indígena que acompanhou o presidente Bolsonaro na Assembleia Geral da ONU, foi uma das bloqueadas pelo Twitter neste um ano. Segundo a Folha, sua suspensão ocorreu quando Kalapalo contou em seu perfil que, em 2014, fez um workshop na Fundação Estudar, de Jorge Paulo Lemann, empresário associado à esquerda por direitistas. “Vieram os bolsonaristas radicais e me atacaram para caramba”. Ela conta que respondeu as pessoas ironicamente e usou palavras de baixo calão para se referir a uma mulher, o que teria sido o motivo da sua suspensão.

Em 2019, quando também foi bloqueada pela plataforma, a justificativa foi por “promover discurso de ódio”. Na esteira dos vazamentos de mensagens da Lava Jato, ela foi ao perfil do jornalista Glenn Greenwald, fundador do site The Intercept Brasil, responsável pelas primeiras reportagens do caso.

“Perguntei: Quanto será que esse viado está ganhando? E também fui banida. Eu não sou homofóbica, é o meu jeito. Eu falo isso para as pessoas que estão próximas de mim.” Greenwald é homossexual.

Procurado, o Twitter afirmou que “toma medidas corretivas em contas que violam as suas regras”.

“Nenhuma de nossas regras é baseada ou leva em consideração posicionamento político-ideológico —somos uma plataforma que preza a livre expressão de diferentes opiniões; além disso, não temos acesso à preferência político-partidária das pessoas que usam a plataforma e tampouco fazemos inferências como a do levantamento”, afirmou a rede.

Fonte: Folha de São Paulo

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