As mulheres também debateram nova lei trabalhista, reforma da Previdência e violência, durante evento realizado nesta quinta-feira (08) pela Força Sindical São Paulo e a direção nacional da Central. Entre os temas mais discutidos no encontro, o empoderamento da mulher foi cobrado por várias sindicalistas.
A Força Sindical São Paulo e a direção nacional da Central fizeram um ato conjunto alusivo ao Dia Internacional da Mulher, no auditório do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde. “O 8 de Março é o dia de luta para garantir o respeito aos nossos direitos, mesmo enfrentando estas medidas que visam acabar comas nossas conquistas. Todo este retrocesso não irá nos deter. Vamos continuar desenvolvendo ações em prol das mulheres”, disse Laura Santos, secretária da Mulher da Força São Paulo.
Já Maria Auxiliadora dos Santos, secretária nacional da Mulher da Força, lembrou a trajetória da primeira secretária da Mulher da Força, Nair Goulart, que faleceu em 2016 e reafirmou a necessidade continuar lutando contra a desigualdade salarial, violência e a nova lei trabalhista. “Temos uma arma poderosa que é o voto. Neste ano de eleição vamos conhecer mais os candidatos, buscar informações sobre eles e votar bem”, destacou.
No ato, apresentado por Maria Euzelene Nogueira, Leinha, diretora do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, as mulheres citaram as ações que desenvolvem há anos. Reconheceram as conquistas que tiveram. No entanto, como são muitas as necessidades, elas demonstram um sentimento de que avançaram pouco, apesar de serem incansáveis na luta. Todas observaram que é preciso reflexão sobre todos os temas que afetam as vidas das trabalhadoras e que não podem desistir de lutar. As sindicalistas abordaram as ações que desenvolvem no movimento sindical e as palestrantes falaram sobre violência, reforma trabalhista e reforma da Previdência.
O empoderamento da mulher foi cobrado por várias sindicalistas. Uma delas foi a vice-presidente da Força, Eunice Cabral. “O movimento sindical avançou pouco”, disse ela. “Temos que mudar a postura e cobrar na base, no sindicato. Somos responsáveis para transformar a sociedade. Nós permitimos que os homens façam o que fazem, ou seja, não deixam que as mulheres assumam mais cargos de direção. Hoje é dia de refletir”, observou.
Outra que foi no mesmo tom foi a advogada Tonia Galetti, do Sindicato Nacional dos Apsoentados. “Enquanto os homens não ouvirem o que temos a dizer, não vamos mudar nossa história. Não resolve discutirmos nossas necessidades, nossas reivindicações só entre nós. Quem oprime tem que ouvir o que temos a dizer. Não quero flores, nem que passem a não na minha cabeça. Chega de colocarmos nossas vidas nas mãos dos homens. Somos nós que temos que decidir exigir respeito”. Tonia observou que as mulheres devem cobrar os homens da Central a permanecerem durante toda a manifestação para ouvir o que as mulheres têm a dizer e não ir embora depois da abertura. “Para mudar é preciso começar em casa”, declarou.
Neuza Barbosa de Lima, vice-presidente da Fetiasp(Federação dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação do Estado de São Paulo), afirmou que no movimento sindical só sobrevive quem é forte. “Nós mulheres queremos espaço e respeito e exigimos que os nossos filiados respeitem as mulheres que têm que estar no comando, em destaque”.
A vereadora Adriana Ramalho também disse que não quer receber flores, nem parabéns. “Quero respeito e espaços de poder para as mulheres”, afirmou.
Danilo Pereira da Silva, presidente da Força São Paulo, concordou que é preciso aumentar o espaço das mulheres em cargos de direção e se propôs a trabalhar para que esta reivindicação se torne realidade.
A diretora do Sindicato Nacional dos Aposentados, Andrea Gato, ressaltou que as mulheres têm mais coisas a lamentar que comemorar: trabalho precarizado, trabalho intermitente, desemprego e ameaça da reforma da Previdência.
Marcos Bulgarelli, presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados, reconheceu a luta das mulheres, mas tem muita coisa a fazer. Já Edson Bicalho, secretário-geral da Fequimfar (Federação dos Químicos), destacou que o Brasil é muito machista e precisa evoluir muito.
Sergio Luiz Leite, 1º secretário da Força, lembrou que hoje a Central completa 27 anos. “Nasceu no dia da mulher. Por isso é forte e determinada”.
Nova lei trabalhista
O tema foi desenvolvido pela desembargadora Ivani Contini Bramante, do TRT-SP (Tribunal Regional do Trabalho). Ela explicou todas as mudanças impostas pela nova lei e disse que a reforma trabalhista cria um padrão predatório da raça humana por conta do trabalho da mulher na atividade insalubre ou perigosa. “Antes era proibido em qualquer grau de insalubridade. Não era permitido a mulher grávida trabalhar. Agora é permitido. Só não vai trabalhar se o médico der um atestado dizendo que ela não pode trabalhar. Mas qual é o problema? O médico, as vezes não tem conhecimento de causa sobre quais são os agentes agressivos e o que cada agente agressivo provoca no ser humano. E a exposição da gestante ao ambiente insalubre prejudica o corpo da gestante e também a formação do feto. O médico teria que ir ao local de trabalho, teria que verificar no local de trabalho. Como um mero atestado médico vai poder dizer qual é o tipo de dano na integridade psicofísica da gestante e do feto aquele agressivo vai causar. É preciso lutar para tentar reverter a situação em negociação na norma coletiva”, disse.
Violência
A” Violência contra a Mulher” foi tema da sindicalista Monica Veloso, diretora do Sindicato dos metalúrgicos de Osasco. Ela abordou os diversos tipos de violência, como a física e institucional, além de todas as ações desenvolvidas pelas entidades sindicais, como a IndustriALL, que reúne sindicatos de trabalhadores metalúrgicos, químicos, têxteis, entre outros.
Na palestra, Monica conclamou os sindicatos a assinarem a Carta Compromisso se comprometendo a apoiar a campanha internacional contra a violência. Este tema , a violência no local de trabalho estará na pauta da OIT na Conferência Internacional do Trabalho e poderá se transformar em convenção.
Sobre a violência, Maria de Fátima Souza, diretora do Sinsaudesp, explicou a necessidade do slogan “Não é Não”, dizendo que ele foi necessário para as pessoas entenderem que não é não, mesmo.
Já Elza Costa, tesoureira do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, disse considerar a ação contra violência como prioridade máxima.
Reforma da Previdência
Tonia Galetti disse que a votação da reforma da Previdência foi suspensa ,mas ninguém ligou porque quem vai acabar com a Previdência é a nova lei trabalhista que vai levar o trabalhador a viver a situação de 100 anos atrás.
Segundo ela, a realidade do trabalho impacta na Previdência, ou seja, falta de empregos, trabalho informal e precarizado, além de baixos salários reduzem a arrecadação.