Em reunião com centrais sindicais, Diretor técnico do Dieese, Clemente Ganz Lúcio diz que o objetivo é “construir um conjunto de propostas para orientar o debate público”; ele prevê alguma melhoria em 2018, mas com a economia partindo “do fundo do poço”; sindicalistas também aguardam a instalação de comissão especial no Congresso, nesta terça, para analisar emendas à Lei 13.467 de “reforma” trabalhista; outra questão importante na opinião de Clemente, e não devidamente debatida, é a da reestruturação das empresas em termos de inovação e tecnologia
Centrais sindicais começaram a discutir propostas para uma agenda comum, a ser apresentada aos candidatos à presidência da República, a exemplo do que ocorreu em 2010, quando trabalhadores ligados a cinco entidades se reuniram no estádio do Pacaembu, em São Paulo, para aprovar um documento. Uma primeira conversa foi realizada na última sexta-feira (2), na sede do Dieese, também na capital paulista, e há nova reunião marcada para a próxima sexta (9), no mesmo local. Os sindicalistas também aguardam a instalação de comissão especial no Congresso, nesta terça, para analisar emendas à Lei 13.467 de “reforma” trabalhista.
Segundo o diretor técnico do Dieese, Clemente Ganz Lúcio, a ideia é “identificar qual caminho as centrais tomarão diante das mudanças que estão ocorrendo no mundo do trabalho e diante do ano eleitoral, que deve carregar uma agenda grande para 2019”. Em seguida, “construir um conjunto de propostas para orientar o debate público”.
Nesta semana, o Parlamento deve instalar 12 comissões mistas para analisar medidas provisórias. A primeira da lista é a MP 808, que altera itens da “reforma” da legislação trabalhista. O texto recebeu 967 emendas. Clemente avalia que ainda não houve uma “resposta à altura” ao impacto que as mudanças causaram na vida sindical. Mas ele considera difícil alterar a lei, pelo menos neste momento: “A oposição não tem força para reverter o jogo”.
Sobre a economia brasileira, Clemente diz que é previsível um nível de atividade maior neste ano, com alguma melhoria no consumo interno e redução do endividamento das famílias, em parte pelo saque das contas inativas do FGTS. Mas observa que esse princípio de melhoria ocorre depois que a economia “chegou ao fundo do poço”.
“Vamos voltar a crescer, a partir de um patamar muito baixo”, afirma o diretor do Dieese. “As formas precárias (de contratação) podem expandir o número de postos de trabalho.” Mas uma melhoria mais forte do emprego pode ter outro efeito: estimuladas, as pessoas voltariam ao mercado de trabalho, pressionando a taxa de desemprego. “Podemos ter uma situação de as empresas criarem postos de trabalho, mas o desemprego crescer”, diz Clemente.
Outra questão que ele considera importante e não devidamente debatida é a da reestruturação das empresas em termos de inovação e tecnologia. “Podemos ter uma economia crescendo sem a mesma intensidade em geração de postos de trabalho.”
Fonte: RBA