PUBLICADO EM 05 de jul de 2022
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Randolfe ameaça ir ao STF se Pacheco não determinar criação da CPI do MEC até esta quarta (6)

Oposição havia manifestado expectativa de leitura do pedido de instalação da comissão até esta terça-feira (5)

Líderes da minoria (à esq.), Jean Paul Prates, e da oposição, Randolfe Rodrigues, durante coletiva de imprensa sobre CPI do MEC – Vinícius Borba

O líder da oposição no Senado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), afirmou nesta terça-feira (5) à imprensa que pretende recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) se o presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), não despachar rapidamente o pedido de criação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Ministério da Educação (MEC).

O requerimento de instalação do colegiado foi apresentado por mais de 30 senadores no último dia 28. A ideia do grupo é garantir investigações que apurem o escândalo dos pastores que recebiam propinas e negociavam valores do MEC sem terem cargo administrativo na pasta.

O caso é um dos que mais têm complicado a vida do governo Bolsonaro no Congresso Nacional, onde a gestão trabalha para tentar impedir a criação da CPI.

“Eu aguardarei até amanhã a leitura do requerimento para instalação da CPI. Caso não ocorra, não restará, lamentavelmente, à oposição outra alternativa, a não ser recorrer ao STF”, disse Randolfe. O parlamentar entende que não há razões técnico-legislativas e jurídicas para que a comissão não seja criada.

“A Constituição da República proclama, o STF já ratificou mais de uma vez: comissões parlamentares de inquérito são direitos constitucionais de minorias parlamentares. No caso da CPI do MEC, nós alcançamos 31 assinaturas, quatro a mais que o mínimo necessário para que a CPI seja instalada”, argumenta.

Impasse na criação da CPI

Em coletiva de imprensa concedida na semana passada, Randolfe Rodrigues e o líder da minoria, Jean Paul Prates (PT-RN), haviam dito após reunião com Pacheco que o presidente do Senado teria prometido instalar a CPI até esta terça-feira (5).

O mandatário, no entanto, não havia confirmado essa previsão à imprensa e havia dito que a decisão sobre a criação do colegiado ficaria a cargo dos líderes das bancadas da Casa em uma decisão conjunta. A declaração irritou a oposição, que ampliou a pressão sobre as lideranças nos últimos dias em prol da CPI.

“Sobre a Constituição não cabe juízo de valor, de oportunidade e de conveniência de quem quer que seja, muito menos do colégio de líderes do Senado”, afirmou Randolfe. Na mesma sintonia, Prates reforçou nesta terça os argumentos pró-CPI.

“Um princípio que é da minoria não pode estar sujeito à vontade da maioria de julgar se há mérito e oportunidade em ter CPI, senão, do contrário, jamais haveria CPIs. A própria lógica de um princípio como esse manda que não se faça submissão à votação porque, do contrário, a maioria vence a minoria. Quem assinou [o requerimento] já fez o seu julgamento de conveniência e de pertinência.”

O grupo dos líderes da Casa se reuniu nesta terça para tratar da pauta. Segundo relatou Prates após o encontro, a maioria argumentou que a CPI só deve ser criada depois das eleições porque o momento atual exige atenção por parte dos senadores às suas bases eleitorais.

Esse tem sido o principal discurso entoado por aliados de Bolsonaro que tentam frear a instalação da comissão.

“Nós argumentamos que o fato de haver um período eleitoral e retirar alguns dos senadores da titularidade [da CPI] ou da probabilidade de estarem disponíveis tanto quanto gostariam não deve ser argumento que presida o julgamento sobre a existência ou não de uma CPI, até porque, no caso do Senado, sabemos que dois terços [dos membros] continuam e apenas um terço se renova agora. Caso contrário, o Senado teria que decretar férias no período eleitoral. Não é o caso.”

Fonte: Brasil de Fato | Brasília (DF)

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