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Por Brenda Marchiori (Jornal da USP)

Toda a tecnologia e a ciência presentes no cotidiano são baseadas em modelos matemáticos e, às vezes, nem percebemos isso. A matemática é intrínseca à vida e ao cotidiano das pessoas e fundamenta as leis básicas de várias outras áreas do conhecimento. Diante disso, um estudo da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) ressaltou que os matemáticos têm um importante papel nas soluções dos principais desafios da atualidade e para o alcance da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, além de defender que deveriam estar nos conselhos científicos dos governos para auxiliarem nas tomadas de decisões.

De acordo com o professor Eduardo Colli, do Instituto de Matemática e Estatística (IME) da USP, os processos naturais e sociais são muito complexos e para entendê-los são necessários modelos matemáticos. “Não é uma discussão acalorada e uma votação. É importante que as decisões políticas sejam pautadas em um debate científico que envolva matemática. Então, eu defendo muito que a matemática participe sempre dos processos decisórios”, argumenta o professor.

A matemática, defende Colli, é uma ferramenta para ajudar a compreender o mundo e os fenômenos que ocorrem, “porque muitos fenômenos do mundo são quantificáveis, têm quantidades, grandezas, comprimento, duração, temperatura, massa” e estabelecem relações com as outras ciências.  Isso permite com que sejam feitas previsões de fenômenos naturais ou até aqueles provocados pela sociedade. Por isso, “os matemáticos têm que estar próximos dos outros cientistas”, defende o professor.

Avanços da tecnologia  

Para o professor José Alberto Cuminato, do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, a matemática está diretamente relacionada aos avanços da tecnologia. “Muitos dos avanços tecnológicos dependem crucialmente da matemática”, afirma.

A matemática, explica Cuminato, melhora os processos. “Porque você pode produzir, fazer um produto baseado em leis físicas, baseado em observação, mas, chega um momento em que você tem que aprimorá-lo”, papel que o professor atribui à disciplina.

Falta de cultura matemática

“No Brasil, a matemática é colocada muito como se fosse uma atividade apenas intelectual. Os alunos do ensino básico veem a matemática como se fosse uma disciplina de menor importância e que não tem relação com a vida.” Mas isso não é verdade, segundo Cuminato.

Problema que não ocorre só no Brasil, já que o estudo da Unesco expôs que a área enfrenta uma falta de profissionais qualificados em todo o mundo. Para o professor, no País, a área é pouco valorizada, o que prejudica o desenvolvimento da sociedade. Para avançar, Cuminato diz que a sociedade precisa ser letrada em matemática.

Fonte: Jornal da USP