Centenas de pessoas se reuniram no centro da cidade de São Paulo neste domingo (15), em protesto contra a violência direcionada a populações vulneráveis que vivem na região.
O ato, organizado pelo movimento “Craco Resiste”, de denúncia e combate à violência policial na região conhecida como Cracolândia, acontece dias após uma desastrosa operação das polícias Civil, Militar e Guarda Civil Municipal (GCM) da capital, que dispersou usuários pela região central, antes concentrados na praça Princesa Isabel.
Nos últimos meses, a organização alerta para os crescentes casos de agressão, classificados como uma “campanha de terror” da prefeitura de São Paulo.
“Novamente, com o argumento do combate ao tráfico de drogas, pessoas que dormem nas calçadas têm sido espancadas e presas pelas polícias e Guarda Civil Metropolitana”, ressalta o chamado para a manifestação.
Na operação, grupos de moradores que vivem nas ruas do centro foram dispersados pelos bairros da região. A organização alerta, segundo o texto, que as pessoas não têm onde viver e sofrem perseguição da polícia dia e noite.
“(O poder público está) retomando a política da Operação Dor e Sofrimento de 2012. Uma repetição das ações fracassadas que tentaram ao longo dos últimos 30 anos acabar com a Cracolândia.”
Apesar das denúncias, o posicionamento oficial da Secretaria de Segurança Urbana da cidade de São Paulo, pasta à qual a GMC é vinculada, é de que “os guardas civis seguem protocolos de atuação humanizada e acolhedora”. Segundo o órgão, “durante as ações, são recolhidos apenas objetos que caracterizam estabelecimento permanente em local público”.
A Secretaria de Segurança Pública, por sua vez, afirma que as as ações realizadas pelo Governo do Estado, em parceria com a Prefeitura, “tem o objetivo de prender traficantes de drogas e proteger a dignidade humana dos dependentes com a oferta de tratamento especializado”.
Desmonte do amparo social
A manifestação também chamou atenção para o fechamento de estruturas que prestavam apoio à população em situação de rua e usuários de drogas. No início da pandemia foi fechado o último local que ainda oferecia banheiros, pernoite e alimentação para pessoas em vulnerabilidade.
“Enquanto as autoridades tentam manter o foco da atenção pública no suposto tráfico de drogas, os serviços de atendimento em saúde e assistência social foram fechados. A única política pública para as pessoas em situação de rua e que usam drogas é a pancadaria”, afirma a Craco Resiste.
Diversos movimentos de defesa dos direitos da população de rua e de melhorias nas políticas relativas às drogas participaram do ato deste domingo (15). A manifestação começou na Praça Júlio Prestes e percorreu diversas ruas da Centro de São Paulo. No fim da tarde, o ato foi encerrado na praça Princesa Isabel.
Fonte: Brasil de Fato | São Paulo (SP)