Os metalúrgicos da Caoa Chery em Jacareí, interior de São Paulo, estão acampados em frente à unidade da montadora em protesto contra a demissão de pelo menos 485 trabalhadores e trabalhadoras e o fechamento da produção dos veículos na planta da cidade.
O acampamento em formato de revezamento, funciona 24h por dia e recebe apoio de sindicalistas da região, inclusive dos dirigentes da Sub sede da CUT Vale do Paraíba, desde a última sexta-feira (6). No domingo (8), dia das mães, o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região (Sindmetal) organizou um almoço no local com familiares e metalúrgicos acampados.
Os trabalhadores penduraram camisetas dos uniformes no portão da fábrica com frases de reinvindicação contra o fechamento da unidade. Segundo a montadora, a linha de produção da planta vai ser adaptada para a produção de carros híbridos e elétricos a partir de 2025.
Na sexta-feira (6), os trabalhadores aprovaram em assembleia, o início de uma campanha contra o fechamento da fábrica e pela manutenção dos postos de trabalho. Como parte dessa campanha, os trabalhadores aprovaram a proposta de abertura de layoff (suspensão de contrato) de cinco meses a partir de junho, com mais três meses de estabilidade para todos os trabalhadores da montadora, garantindo os empregos até janeiro. A proposta foi apresentada pelo SindMetal, filiado à CSP-Conlutas.
Também foi aprovada uma campanha política cobrando do poder público medidas que barrem o fechamento da fábrica e preservem os postos de trabalho na planta de Jacareí.
Na mesma assembleia, foi rejeitada por unanimidade a proposta apresentada pela empresa para demissão dos trabalhadores e pagamento de três salários nominais como indenização. O resultado será levado pelo Sindicato à montadora, em uma nova reunião já marcada para esta terça-feira (10).
A direção da Caoa Chery informou que o modelo Tiggo 3X sairá de linha, e os modelos Arrizo 6 e Arrizo 6 Pro passarão a ser importados da China. Com isso, a empresa pretende encerrar toda a produção de Jacareí. A alegação da fábrica é de que a unidade do Vale do Paraíba passará por uma modernização para a produção de carros elétricos, que começaria apenas em 2025.
“Não vamos permitir que a Caoa Chery, que foi amplamente privilegiada com benefícios fiscais, simplesmente demita os trabalhadores e feche a fábrica na cidade”, afirmou o presidente do Sindicato, Weller Gonçalves, ressaltando que a população de Jacareí sofrerá forte impacto com a decisão da montadora de fechar a unidade e demitir centenas de trabalhadores.
Caoa Chery no Brasil
A Caoa adquiriu metade da operação brasileira da Chery no fim de 2017, incluindo 50% da linha de montagem em Jacareí – inaugurada em 2014, quando a parceria entre as companhias ainda não tinha sido firmada. Desde então, segundo o Uol Carros, a produção dos modelos mais caros e rentáveis da marca chinesa tem sido direcionada para Anápolis (GO), onde a Caoa também fabrica veículos da sul-coreana Hyundai.
Com capacidade para montar até 150 mil unidades por ano, a fábrica paulista estava operando bem abaixo desse limite – juntos, Tiggo 2, Tiggo 3X e Arrizo 6, os modelos que eram feitos lá até o fim do ano passado, somaram apenas 12.268 vendas em 2021. O primeiro saiu de linha no início de 2022, enquanto o segundo acaba de ser descontinuado. Já o sedã passará a ser importado.
Fonte: Redação CUT