A carta afirma que bloqueio do ouro e das reservas cambiais da Rússia em bancos estrangeiros e o confisco de contas de empresas e indivíduos são “roubos” e que governos que fornecem apoio financeiro e político ao regime ucraniano encorajam “a ideologia do nazismo, racismo e xenofobia características do período da Segunda Guerra Mundial” e ressalta a alta popularidade de Vladimir Putin entre a população russa.
Leia aqui a carta traduzida:
18 de abril de 2022
Caros colegas e amigos,
Mais de 50 dias passaram desde o começo da operação militar especial das Forças Armadas Russas na Ucrânia. Gostaria de informa-los sobre alguns eventos importantes que aconteceram nas últimas duas semanas.
É com crescente indignação que os sindicatos russos continuam assistindo como os governos, o público e estruturas políticas na União Europeia, América do Norte e alguns outros países, contrários ao senso comum, seus próprios interesses econômicos, os fatos reais e testemunhos oculares, continuam a impor novas sanções contra a Rússia, sua economia, estruturas públicas e cidadãos individuais.
O bloqueio do ouro e das reservas cambiais da Rússia em bancos estrangeiros, o confisco de contas de empresas e indivíduos não pode ser qualificado além de simples roubo. Essas violações massivas de normas internacionais e outras ações pelo “Ocidente coletivo” têm como objetivo destruir a economia russa, desestabilizar e, em última análise, mudar o sistema político em nosso País.
A posição de vários governos, que expressam seu desejo de uma solução diplomática para o conflito, por paz e segurança universal, enquanto aumentando a oferta de diferentes tipos de armas, fornecendo apoio financeiro e político ao regime ucraniano, que encoraja abertamente a ideologia do nazismo, racismo e xenofobia características do período da Segunda Guerra Mundial, podem causar nada além de ultraje.
Ao mesmo tempo, de acordo com as últimas pesquisas, 79,6% da população russa apoia as ações do Presidente Putin, com 74% apoiando a operação militar na Ucrânia.
Nossos dados mostram que o nível de apoio para a operação e as medidas tomadas pela liderança do País é até mais alto entre membros de sindicatos, e está se aproximando de 90%. A maioria da população trabalhadora da Rússia acredita que nosso País embarcou no caminho da descolonização econômica e ideológica, contra a hegemonia do “Ocidente coletivo” liderado pelos Estados Unidos.
As Forças Armadas Ucranianas e seus batalhões nacionalistas continuam bombardeios regulares de vilas e cidades do Donbass, usando artilharia pesada e múltiplos lançadores de foguetes, aos quais centenas de crianças, idosos e mulheres caem vítimas. Destruindo empreendimentos e infraestruturas civis nos territórios das Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk, as tropas ucranianas impedem o estabelecimento de vida pacífica e operações normais dos negócios.
Recentemente, duas provocações atrozes pelo regime ucraniano aconteceram na cidade de Bucha, perto de Kiev, e na praça da estação de trem na cidade de Kramatorsk, no Donbass. No primeiro caso, a cidade foi abandonada pelas tropas russas em 30 de março. Quatro dias depois, a mídia ucraniana disseminou um vídeo mostrando civis mortos nas ruas de Bucha (uma coincidência bizarra com butcher? [Nota: açougueiro, em inglês]). Isso foi feito apesar de relatórios anteriores por oficiais e militares ucranianos de que a cidade havia sido tomada sem resistência e sem mencionar qualquer fuzilamento de civis pelas tropas russas. Oficiais europeus entusiasticamente tiraram fotos contra o fundo de sacos de cadáveres e culparam a Rússia por esse crime hediondo, mas no dia seguinte novas filmagens amadoras apareceram mostrando os miliares ucranianos deitando corpos mortos ao longo da estrada.
Poucos dias depois, um míssil tático Tochka U com munições cluster explodiu sobre a praça da estação de trem na cidade controlada pelos ucranianos de Kramatorsk, matando 57 e ferindo 109 civis. O regime ucraniano e a mídia ocidental imediatamente chamaram isso de um crime de guerra da Rússia. A verdade é que esse tipo particular de míssil não está em serviço com o exército russo, e de acordo com o número de série nos destroços do míssil achado no local da explosão, foi estabelecido sem qualquer dúvida que ele pertencia às Forças Armadas Ucranianas, o que também foi confirmado por jornalistas estrangeiros que chegaram lá.
Ambas essas provocações, assim como várias outras (por exemplo, o bombardeio de um hospital maternidade na cidade de Mariupol), falharam miseravelmente e informações sobre elas rapidamente desapareceram da mídia ocidental.
Ao mesmo tempo, as monstruosas provocações dos militares ucranianos continuam. Essas incluem usar civis como escudos humanos e os impedir de escapar pelos corredores humanitários; recusa de cumprir a Convenção de Genebra sobre o Tratamento de Prisioneiros de Guerra, torturando e executando prisioneiros de guerra russos para as câmeras; chamados pela elite política e estatal da Ucrânia para matar russos por motivos linguísticos e étnicos; vídeos no estilo do Estado Islâmico chamando para o massacre de russos, e muito mais que caem na categoria de crimes de guerra, massacres étnicos e genocídio de civis.
Em março e abril, a FNPR encarou enorme pressão de vários filiados da CSI, cujo objetivo era obrigar a FNPR a retratar suas declarações em apoio a conduta do Presidente Putin e condenar a operação militar na Ucrânia. A discussão dessas questões nas reuniões do Conselho Geral da CSI e do Comitê Executivo da PERC, iniciadas por sindicatos ucranianos e ativamente apoiadas por representantes de várias federações sindicais europeias, aconteceram de uma forma totalmente inaceitável. Além do mais, a Constituição da CSI não serviu como um obstáculo para retóricas unilaterais infundadas, hostis, contendo mentiras flagrantes.
Procedente de seus interesses nacionais, não querendo ouvir a enxurrada de alegações infundadas e mentiras nas reuniões dos órgãos estatutários da CSI, a FNPR decidiu suspender sua associação na CSI. Uma cópia de nossa carta para esse efeito está anexada inclusa.
Nós vamos continuar a lutar pelos direitos dos membros do nosso sindicato, cooperar ativamente com os sindicatos dos BRICS e outros países amigos e vamos realizar eventos de Primeiro de Maio de massa em apoio à solidariedade internacional dos trabalhadores. Atualmente, o rally motorizado todo russo organizado pela FNPR está acontecendo sob o slogan “Um Mundo sem Nazismo!”
Nós continuamos abertos para quaisquer explicações relevantes, detalhadas e exaustivas.
Seu em solidariedade,
Evgeny Makarov,
Vice-Presidente da FNPR
Coordenador Sindical Nacional dos BRICS
Tradução: Luciana Cristina Ruy
Leia aqui a original em inglês Carta da Federação Russa de Sindicatos ao BRICS sindical
Rita de Cassia Vianna Gava
Nesse jogo de narrativas eu acredito na Rússia, porque EUA e Europa não tem moral para vender imagem de humanitários. Tem histórico sangrento e predatório.