A construção civil nacional terá uma plataforma inédita para medir a pegada ambiental de carbono e de energia de materiais de construção. Em entrevista ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição, o professor Vanderley John, do Departamento de Engenharia de Construção Civil da Escola Politécnica da USP, diretor do Conselho Brasileiro de Construção Sustentável (CBCS) e coordenador do Sistema de Informação do Desempenho Ambiental da Construção (Sidac), discorre sobre a nova tecnologia.
A sustentabilidade da construção não é um assunto novo, ela já está sendo abordada há aproximadamente 30 anos. De acordo com o professor, a discussão começou com projetistas preocupados em propor soluções sustentáveis, indicando produtos e processos a serem seguidos. “Era uma saída que funcionou por algum tempo, mas tinha muitos limites. Isso gerou, por exemplo, os selos de greenbuilding. Agora, nos últimos anos, começou a mudar um pouco a forma de pensar, o que interessa não é que tipo de tecnologia foi utilizada, mas qual é a pegada ambiental real que o produto vai ter”, afirma.
Um ponto de destaque para John é a importância que o fornecedor dos materiais possui no processo: “Uma das coisas que a gente estudou há algum tempo na Escola Politécnica é a diferença entre fornecedores. Mesmo produto, um bloco de concreto, mesma resistência, você olhando para ele é igual, mas quando você mede o impacto ambiental e compara dois fornecedores, você pode ter 100%, 200% de diferença. Empresas da sua cadeia de suprimentos estão fazendo um produto igual, mas com impactos ambientais muito diferentes. Tem N razões que levam a esse caso, eu acredito muito em selecionar fornecedores, mais do que selecionar produtos”.
Impacto ambiental
Em breve, será possível comparar o impacto ambiental em diversas construções e aferir a energia necessária para que se realize. “Dentro do Sidac tem um módulo que permite aos fabricantes de materiais estimarem ou calcularem a pegada de CO2 do seu produto. O fabricante A vai declarar que a janela que ele faz tem X quilos de CO2 para ser feita, quando o arquiteto ou o consumidor selecionar aquela janela, ele vai saber qual é a pegada de CO2 e ao saber qual é a pegada de CO2, ele vai adicionar à pegada do edifício que ele está projetando. Então, o fabricante mede e declara e o construtor junta as informações e mede a pegada do seu produto”, comenta o professor.
John projeta o futuro do sistema com esperança: “A gente tem uma parcela importante da indústria e tem tido muita convergência. O sistema é muito simples, muito prático, a indústria sente que é preciso medir CO2, é preciso medir energia, disso vai depender o nosso futuro. Então está um clima muito positivo e eu acredito que o sistema vai ser implantado muito rapidamente”.
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Fonte: Jornal da USP