A primeira novidade, auspiciosa, nos vem dos Estados Unidos com a vitória dos trabalhadores da Amazon ao criarem, pela primeira vez na empresa, seu sindicato local em Nova Iorque.
Naquele país, em algumas situações, o sindicato na empresa somente pode ser criado depois que uma votação dos trabalhadores o aprovar por maioria.
Estas eleições são muito disputadas e as empresas exercem a maior pressão para derrotar a vontade de sindicalização dos trabalhadores.
Na Nissan, em Carton, no Mississipi, por exemplo, alguns anos atrás, quando a campanha do sindicato dos metalúrgicos contou até com a presença solidária de companheiros brasileiros a empresa “doou” um automóvel aos trabalhadores para votarem com ela e contra o sindicato e venceu.
A vitória sindical na Amazon merece comemoração por seu caráter exemplar e contou com o apoio, parece, de ninguém menos que presidente Biden.
A outra novidade, brasileira, é uma novidade requentada.
A empresa i-Food contratou importantes agências publicitárias de marquetagem política para que fizessem campanhas virtuais contra a organização dos trabalhadores por aplicativos, veiculando notícias mentirosas e provocadoras para perturbar, dividir e, se possível, impedir sua organização e mobilização. A denúncia dessa ação criminosa foi feita pela Agência Pública com ampla repercussão na mídia grande que detalhou os procedimentos nefastos.
A novidade é requentada porque a utilização de provocadores contra a organização e a luta dos trabalhadores é velha e bem conhecida – exceto a modernidade dos meios empregados agora pela i-Food, que está sendo investigada.
Na história sindical brasileira no início do século passado o elemento desagregador antissindical e antioperário era chamado de crumiro, escrito na época com k e essa expressão depreciativa (mais não a sua prática) caiu em desuso, não sendo registrada em nenhum dos quatro grandes dicionários atuais da língua portuguesa; o dicionário da Academia Espanhola a registra como fura-greve.
A ação criminosa e desprezível dos crumiros eletrônicos, portanto, é antiga e assim como antigamente merece a repulsa dos democratas.
João Guilherme Vargas Netto
É membro do corpo técnico do Diap e consultor sindical de diversas entidades de trabalhadores em São Paulo