PUBLICADO EM 16 de mar de 2022
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A carestia voltou

Nos anos 80, o sindicalismo combateu fortemente a carestia. Ou seja, o aumento generalizado do custo de vida, que enfraquecia as finanças da família.

Essa carestia era agravada pela política salarial do regime militar, que havia adotado o arrocho como meta oficial de governo. Como havia repressão ao sindicalismo e aos movimentos sociais, os trabalhadores sofriam triplamente, ou seja: carestia, arrocho e a ditadura.

No governo Itamar Franco, o Plano Real estabilizou a economia, embora não tenha trazido ganho salarial continuado. Mas a inflação foi controlada. E assim ficou nos governos seguintes. Agora, com Bolsonaro, infelizmente, o que parecia ser um repique inflacionário mostra que é mais: é carestia.

Que preços e tarifas subiram absurdamente? Primeiro, a cesta básica. Depois, a conta de luz e agora o gás, a gasolina e o óleo diesel. Esses aumentos vão elevar a inflação e empobrecer as pessoas, que precisarão gastar mais pelo que consumiam antes. Gás de cozinha, por exemplo, não tem como economizar.

E não adianta o governo colocar a culpa na guerra Rússia-Ucrânia. Até porque faz dois anos que a conta de luz vem subindo. A cesta básica fechou 2021 com aumento médio de 14%, informa o Dieese. E, em dezembro, não havia guerra.

O governo não eleva sozinho o custo de mercadorias e serviços, mas aumenta os chamados preços administrados. Quem sobe preços é o mercado. O papel real de um governo é atuar junto ao mercado pra impedir abusos. Bolsonaro faz isso? Não temos visto. Pelo contrário: ele lava as mãos.

O custo de vida está alto em toda a nossa região, mas em Guarulhos poderia estar pior se o IPTU do prefeito Guti estivesse em vigor. E o IPTU só não está sangrando o bolso da população porque o PDT e o deputado estadual Marcio Nakashima conseguiram impedir na Justiça o aumento no imposto.

Comecei esse artigo falando da luta contra a carestia nos anos 80. Sabe quem era a linha de frente dessa luta? Eram as mulheres, principalmente através de suas associações ou de grupos que atuavam com apoio das igrejas, especialmente da Católica.

Digo isso porque estamos no Março-Mulher, um período em que as lutas femininas ganham projeção. Portanto, tomo a liberdade de sugerir que as mulheres agreguem à sua pauta o combate ao custo de vida, até porque é a dona de casa que sabe quanto custa o arroz e o feijão.

Na campanha salarial, conseguimos repor a inflação de 11,08% e um abono de 26%. Isso ajudou muito. Como ajudam também os acordos de PLR que fechamos na base quase todo dia. Mas, se a carestia não for controlada, o Sindicato fica enxugando gelo, pois o ganho de hoje é comido pela inflação de amanhã.

Temos, portanto, que acabar com a carestia. Se isso exigir a troca de governo, vamos trocar. Queremos distância de governo ruim e de inflação alta.

Josinaldo José de Barros (Cabeça),
Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região

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